Paz sobre a terra, justiça e caridade!

Quem nunca ouviu falar de Santa Teresinha do Menino Jesus? Mesmo aqueles que se consideram católicos apenas de nome provavelmente já se depararam com seu nome e talvez até nutram uma pequena devoção por ela.

Há alguns anos, ganhei um pequeno livro marrom: História de uma alma, com uma dedicatória especial. Esse livro se tornou um objeto de grande estima para mim. Li alguns trechos, mas, para ser sincera, não compreendia muito do que estava escrito. Quando tentei ler sua biografia, achei-a um tanto dramática e até infantil.

No entanto, em determinado momento, parecia que todos os meus amigos falavam sobre Santa Teresinha. Eu estava prestes a decidir sobre homeschooling e me sugeriram que fizesse uma novena a ela. Fiz a novena e, ao final, recebi uma rosa. Achei que fosse coincidência, já que as crianças frequentemente me davam flores ao final da missa. Fiz outra novena e, novamente, recebi uma flor.

Com o passar dos anos, eu ocasionalmente comentava sobre Santa Teresinha com meus filhos, sem, contudo, desenvolver uma devoção especial por ela. Entretanto, minha filha mais velha começou a demonstrar um interesse maior. Quando estava com as irmãs do Laus Christe, sempre ouvia histórias sobre a santa. Percebi que Santa Teresinha havia se tornado a santa de sua devoção.

Como minha filha tinha uma grande afeição por Santa Teresinha, eu compartilhava tudo o que via ou ouvia sobre ela. Quando soubemos que as relíquias de Santa Teresinha visitariam os Carmelos e dioceses de São Paulo, aguardamos ansiosamente sua chegada.

Finalmente, o dia chegou.

Fomos ao Carmelo para participar da missa e ter um momento de encontro com as relíquias. Eu tinha um pedido especial a fazer pela filha de uma amiga e, confesso, achei que seria uma missa comum. Mas não foi. O bispo que presidiu a celebração estava profundamente emocionado, e eu, que geralmente sou resistente, acabei derramando muitas lágrimas. Isso não é típico de mim, e logo pensei: “Com certeza, isso é coisa de Teresinha.”

Minha mente começou a divagar… O que seriam essas “coisas de Teresinha” para nós, católicos? Lembrei-me dos milagres atribuídos à pequena flor do Carmelo… Como seriam esses milagres? Discretos? Ou marcantes, como rastros de cometas? Pensei no Dr. Félix Leseur, um ateu convicto. Nunca conheci alguém com tal convicção. Ao ler o diário de sua falecida esposa, Elizabeth, onde ela expressava sua profunda fé e devoção a Santa Teresinha, ele experimentou uma mudança interior. Elizabeth havia rezado fervorosamente pela conversão do marido, e suas orações foram atendidas. Ele acabou se tornando sacerdote, graças à intercessão da pequena flor do Carmelo.

E então, comecei a me perguntar: quem é essa jovem de sorriso discreto que nos ensina que não precisamos realizar grandes feitos para agradar a Deus? Como ela, enclausurada no Carmelo, com sua vida de oração e simplicidade, pode entender os desafios e as exigências de uma mãe com muitos filhos?

Será que Santa Teresinha compreende a necessidade de planejar as refeições, lidar com as birras e acompanhar as lições de casa? Como ela conciliaria a simplicidade de lavar uma louça pensando em Deus com o caos de uma casa cheia, onde cada minuto parece insuficiente?

Será que é mesmo possível encontrar santidade em meio às listas de tarefas intermináveis? Meus filhos realmente precisam falar fluentemente inglês e mandarim para ter um bom futuro? Estudar em um colégio de elite para garantir um lugar nas melhores universidades? Preciso, de fato, dormir tarde e acordar cedo para manter a casa impecável, ter refeições saudáveis prontas na hora certa e ainda ser a mãe atenciosa que quero ser?

O que você me diz, pequena santinha do Carmelo? Se eu lavar a louça conversando com Deus, será suficiente? Se me dedicar a amar meus filhos, mesmo quando sinto que não merecem, isso bastará? Se eu me permitir fazer uma trança no cabelo da minha filha, deitar-me na rede e fazer cócegas no meu pequeno, será o bastante?

Como posso contribuir para a salvação de tantas almas, se meu tempo é consumido por demandas diárias? Será que é mesmo tão simples amar nas pequenas coisas e fazê-las com amor? Como uma mulher que nunca saiu do Carmelo em vida agora inspira pessoas ao redor do mundo? Conseguistes ser missionária, afinal!

Eu, que muitas vezes complico o que poderia ser simples, me pergunto: como posso viver essa simplicidade em meio a tantas responsabilidades? Roga por mim, Pequenina!


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Uma resposta

  1. Sim, nossos dias parecem curtos devido às inúmeras demandas que acolhemos, porém, se houver amor em cada detalhe de nossas ações cotidianas, preces já estarão sendo enviadas a Deus.
    Colossenses 3:23-24 diz: “o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança, pois é a Cristo, o Senhor, a quem vocês servem”.

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