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A Vida Começa na Concepção: O Amor que Permanece

A perda gestacional no primeiro trimestre é uma dor silenciosa, muitas vezes incompreendida pelo mundo, mas profundamente sentida por aqueles que sabem que a vida começa na concepção. Para a mãe que compreende essa verdade, este luto é também uma provação, conforme ensina o livro do Eclesiástico: “Meu filho, se te apresentas para servir ao Senhor, permanece firme na justiça e no temor, e prepara tua alma para a prova” (Eclo 2,1). A dor de carregar em si uma vida e depois devolvê-la a Deus é um peso imenso, mas também um ato de fé, de entrega, de aceitação de que aquele filho não lhe pertence, mas pertence ao Criador.

Esse bebê viveu pouco tempo no mundo, mas viveu plenamente. No ventre materno, ele já sentia, ouvia e se desenvolvia. Com apenas três semanas, seu coração já batia. Aos seis, ele começava a formar suas mãozinhas e pés. Aos oito, seus traços faciais eram reconhecíveis, e a audição começava a se desenvolver. A partir da décima semana, ele podia ouvir os sons ao seu redor: a voz dos pais, as brincadeiras dos irmãos. Aos doze, já possuía um corpo completo, pequeno, mas inteiro, pronto para crescer.

Mesmo que seu tempo tenha sido curto, esse bebê existiu, e sua presença foi uma fonte de alegria para os pais e para a família. E sua falta será sentida para sempre. A mãe nunca deixará de notar o espaço vazio na mesa do jantar, o lugar que ele ocuparia entre os irmãos.

Mas a dor da mãe não é apenas emocional. Seu corpo, que se preparava para gerar, nutrir e proteger aquele filho, continua por um tempo se ajustando.

Há hormônios que foram produzidos e agora precisam se reequilibrar. Há uma barriga que começava a crescer e que agora carrega apenas a marca da ausência. O corpo sente, e cada mudança é um lembrete de quem não está mais ali.

As chagas da perda não são apenas invisíveis. Elas se manifestam no cansaço, nas alterações físicas, na saúde fragilizada, como quem carrega no próprio corpo os sinais da cruz. Cada sintoma, cada dor, cada desconforto é uma participação silenciosa nos sofrimentos de Cristo. E como na Paixão, é um sofrimento que não se encerra abruptamente, mas precisa ser vivido, sentido, atravessado, até que tudo se normalize. Para os que ficam, a saudade se mistura com a esperança. A vontade de conquistar o Céu se torna maior, porque agora há alguém muito querido esperando lá. A família que se alegrou com sua chegada e chorou sua partida anseia pelo dia da reunião definitiva, onde não haverá mais separação nem luto. O amor que uniu essa mãe a seu filho não foi apagado pela morte; ao contrário, foi elevado à eternidade. Quando, um dia, ela cruzar as portas do Paraíso, eles estarão lá, esperando por ela, pronto para envolvê-la no amor que nunca deixou de existir.


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