Ao longo dos séculos, sabe-se como a humanidade teme as guerras, mesmo precisando enfrentá-las. Um fere, outro será ferido. Homens e nações inteiras. Fome, pobreza, miséria, desentendimentos…tudo não passa de um cenário de terror. No fim, quem vencerá? Acredito que não haja alguém – pelo instinto natural – que ao ouvir a palavra “guerra” não deixe de pensar: “o que fazer?”, “mas, e agora?”, ou ainda, “tudo está perdido”. Quantas não são as vezes em que nos emocionamos e nos compadecemos ao imaginar a dor da perda de muitas famílias? A perda da vida de cada nação? Incontáveis.
No entanto, há algo muito mais temível, muito mais importante do que essas guerras mundiais. Se há alguém que está lendo essas linhas e pensando que me refiro ao Irã e Israel, ou ainda, que trato sobre a Rússia e a Ucrânia, está muito enganado. Reitero: há algo de maior urgência e importância do que qualquer guerra mundial – a guerra a qual nossa alma deve travar (e isso não é, de forma alguma, exagero).
A alma humana, alma imortal, passa por essa guerra espiritual, uma vez que a vida é um campo de batalha onde travamos as lutas e buscamos determinar a nossa eternidade. É aqui na vida em que somos chamados a lutar diariamente e, através dessas lutas, seguir ao destino eterno da consequência de cada uma delas. Está se perguntando quais são as guerras? O vento frio a enfrentar pelas manhãs, o sol tórrido e impiedoso a suportar…, mas também, não se esqueça, a vontade a educar – e essa é a mais importante delas.
Educar a vontade é um trabalho de uma vida inteira: saber dizer um bom “sim” ou “não” a ela é um prélio e tanto. Veja que, por exemplo, para construir uma belíssima torre, prédio, castelo ou igreja, foram necessários muitos anos, talvez dezenas e centenas, mas nós queremos forjar a vontade em um único dia? Negar os princípios, desistir de algo da própria convicção, apenas porque isso é mais confortável – mais fácil para a vontade – é próprio de um catavento: não tem direção fixa, não tem base sólida. Vou perder a guerra da minha vida porque é mais fácil e confortável ser um catavento? “Sim”, alguns ousados (ou loucos) diriam, pois, para eles, “a vida é só hoje – ‘carpe diem’!”. Ah, cataventos…esquecem-se de que, quando o “hoje” chegar ao fim, deparar-se-ão com o destino da eternidade: a consequência do “hoje” que escolhi viver. Magnífico resultado da eternidade será a sua vontade educada. Como nos ensina Monsenhor Tihamer Toth:
“Uma imensa responsabilidade pesa sobre mim: um sério dever tem a minha vida. Em minha alma são depositados os gérmens do futuro, eu tenho de aquecê-los com o escrupuloso cumprimento do dever e com uma vida ideal, devo cuidar dela, devo garantir que se abra uma flor maravilhosa que dignamente possa lançar a sua fragrância por toda a eternidade ante o trono de Deus eterno.”
Comparar, pois, a educação da vontade com as guerras mundiais é um exagero? Ainda insiste nisso? Ah, veja: como pode ser exagero se o que está em jogo é o destino da alma? Está em jogo o valor da eternidade. Nas guerras mundiais tememos perder o corpo; nas guerras espirituais não tememos perder a alma? Nas guerras mundiais podemos perder o tempo; nas espirituais, a eternidade. Ainda o mesmo Mons. Toth nos ensina:
“Não há arte mais fina no mundo do que cultivar a alma; porque nenhum escultor molda tão nobre mármore e bronze tão valioso quanto o precioso tesouro que temos para moldar: a alma.”
Portanto, não viva uma vida de caricatura. Lembre-se de que a grande guerra de sua vida acontece desde o dia em que nasceu e o resultado dela será tão “bombástico” quanto qualquer arma nuclear: o prêmio (ou o castigo) da eternidade.
Respostas de 2
Maravilhoso! Educar a vontade, como é difícil, realmente uma guerra! “É um trabalho de uma vida inteira, um prélio e tanto!”
Muito boa reflexão… guerra diárias, vividas, ganhas e perdidas… esperanças nos fortalecem….