Paz sobre a terra, justiça e caridade!

PACIÊNCIA NA DOR, ALMA CRISTÃ!

A vida de Jesus foi um martírio contínuo, experimentado no coração devido a ingratidão e pecado dos homens e no corpo ao ser flagelado, crucificado e morto na cruz: “homem das dores, experimentado no sofrimento… maltratado, ele se submeteu, e não abriu a boca.” (Is 53, 3; 7). Toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento, um exímio testemunho de abandono e obediência à Vontade do Pai, culminado na aceitação do sacrifício total para a redenção do mundo.

São Luís Maria Grignon de Montfort, em sua meditação sobre o mistério doloroso do Santo Rosário, nos aproxima do profundo amor de Nosso Senhor: seu retiro solitário no Horto das Oliveiras, sua paciência e doçura com que suportou os Apóstolos, o tédio em sua alma e apreensão frente aos algozes, a dor provocada pelas bofetadas e também pelas cordas com que foi atado. E o que dizer das feridas abertas pelas varas espinhosas dos soldados e da rispidez com que seus cabelos e barbas foram arrancados? “Ele se submeteu, e não abriu a boca.”

Mesmo assim Ele caminhou firme até o Calvário, levantou-se em cada queda, abraçou e beijou a Cruz, teve o coração transpassado pela lança e explicitamente manifestou Seu “amor até o fim” (Jo 13, 1). Nenhum homem tinha condições de tomar para si os pecados da humanidade, somente Jesus, mas de certo modo, pela sua Pessoa Divina encarnada, uniu a si todos e ofereceu a oportunidade de participarem do Mistério Pascal. Ele chama seus discípulos a “tomar a cruz e segui-Lo” (Mt 16, 24) a fim de seguir os seus passos e associar a seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são seus primeiros beneficiários.

Podemos dizer que fomos eleitos para ser Apóstolos da Cruz e chamados a testemunhar: “Salve, ó Cruz, única esperança”. Sendo assim, na estrada da nossa vida, quando fulminar algum raio de dor, seja pela enfermidade, adversidade, indiferença, solidão, contrariedade ou tribulação, digamos: “Salve, ó Cruz, única esperança”! Lembremos que “o servo não é maior do que o seu senhor” (Mt 15, 20), o caminho a ser trilhado é semelhante ao Dele, mas não estamos à mercê, desamparados: o Redentor sofre conosco, enobrece e diviniza em certa medida as nossas dores.

Li certa vez que um dia Nosso Senhor mostrou à Santa Gema Galgani as suas chagas e disse-lhe: “Vê, minha filha, e aprende como se ama!” Na sequência do texto o autor indagava: “Não é essa a linguagem do Crucifixo?” Realmente Jesus Crucificado é a eterna lição de amor! É no Calvário que se aprende a amar o Amor, na expressão de Santa Teresinha. Pode ser que em algum momento digamos como Jesus: “meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice!”, mas sabemos que Ele também pediu: “(…) não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres”. (Mt 26, 3).

A obediência custa, exige sacrifícios, entretanto, no fundo da alma há uma certeza: “ó abismo da Misericórdia Divina”, via Crucis bendita! Os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até Ele se formar neles (Gl 4, 19) e assim serem inseridos nos mistérios de sua vida, com Ele configurados, com Ele mortos e com Ele ressuscitados, até que com Ele reinem.

Paciência, alma cristã!

O martírio do Calvário foi e continua sendo martírio de Amor e “fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao céu.” (Santa Rosa de Lima)


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Respostas de 6

  1. Quantas vezes nos esquecemos disso “fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu” pela Cruz de fato ser essa lição de como se amar. Nos esquecemos e por muitas vezes nas dificuldades, reclamamos. Que Deus nos ajude a ver sempre no sofrimento, uma enorme oportunidade de amar e subir mais um degrau rumo a eternidade.

  2. Que a Santíssima Virgem nos ensine a sermos filhos bem amados do Pai, nós dê a graça de sermos pacientes, serenos, dóceis como é teu filho Jesus. Assim como uma gota do seu sangue seria suficiente para nossa salvação, se meditassem por um segundo a serenidade de Jesus certamente viveríamos em paz constante…

  3. “Vê, minha filha, e aprende como se ama.” Olhar e meditar as chagas de Nosso Senhor nos ensina o que é o verdadeiro Amor.

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