Imagine-se caminhando em um campo à noite, na madrugada. Tudo bem escuro. Silêncio profundo. Caminhando, sim, atravessando um vasto campo, com muitas possibilidades de direções, mas com uma única meta, chegar em um determinado lugar. Nessa caminhada, não é permitido levar bolsas, lanternas, suprimentos, companhias, nada! A caminhada é longa, portanto é necessário ter leveza.

Assim, é nossa vida. É a caminhada de um católico. Um caminhar envolto em trevas, porque esse mundo é uma noite. Pouco enxergamos. Precisamos dar passos na fé, caminhar a apalpadelas. Temos uma meta e, esta, é a nossa única luz. É chegar na terra prometida, da claridade, em que O Sol Reina, brilha, nos toca, nos envolve, sem nos queimar.

Como chegar na meta, alcançar o alvo, se a escuridão nos engole? É hora de exercitar a fé e transformá-la em uma grande estrela que brilha na noite. Nada vemos, nada sentimos, não ouvimos, não tocamos e nem somos tocados, mas amamos. E O Amor é a melhor bússola, é quem nos conduz, nos atrai e impulsiona. O Amor vive em nós. Discreto, delicado, suave… não nos deixa só, não nos abandona.

Deixar O Amor nos guiar nessa caminhada por quantos anos forem necessários… quarenta longos anos de prova, de purificação e crescimento (Dt 8,2). Um passo após o outro, muitos desafios, perdas, humilhações, cansaço, tentações inúmeras, solidão, assaltos, reclamações, murmurações, vontade de desistir e voltar atrás, ou, parar pelo caminho em alguma encosta, inventar uma “nova meta” mais cômoda… Muitos são os questionamentos… será que vou chegar nessa terra prometida? Será que ela de fato existe? Estarei louco (a)?

“Durante a noite o busquei… procurei, sem encontrá-lo. ” Ct 3,1

Nessas horas, vale lembrar que o deserto passa, o calvário passa, a noite passa, a longa caminhada também passará.

As lágrimas, a espera, a fé provada e exercitada, serão lindos ornamentos para o encontro eterno.

Confiança! Ele nos vê e nos conduz, mesmo na mais profunda escuridão. A terra prometida existe, não está longe e chegaremos lá!

“…no dia da alegria do seu coração. ” Ct 3, 11