Era uma bela manhã de sábado ensolarado, o céu sorria tocado pelos exuberantes raios do sol que pareciam convidar para um abraço caloroso e inexplicável. A imensidão e a grandeza celestial deste firmamento envolviam uma pequena vila rural no interior do estado de São Paulo, vila repleta de natureza e de vida. Os pássaros cantavam, os animais pastavam nos campos, e a visão… ah visão. Era como apreciar uma pintura de tamanha perfeição e detalhes que enchiam a alma de calmaria e paz.

            Dois irmãos pequeninos brincavam ao redor do portão da entrada da vivenda. Joaquim, o terceiro filho de quatro, um menino adelgaçado, de pele branquinha como a neve, de olhos azuis como o céu que o cobria e os cabelos alourados. Corria e gargalhava aos pés do imenso e pesado portão verde como a relva a rodear.

            A mãe adoecida, estava acamada há dias e o pai ajudava colocando a mesa para o almoço. Em seu leito, conversando com a filha mais velha, a mãe ouve um estrondo a rasgar o silêncio da calmaria. Assustada pergunta para a filha o que deveria ter sido aquilo.

            __ Ajudem! Socorro!

            A voz do segundo filho pedindo ajuda amoleceu os corações dos pais. A mãe, que mal conseguia andar, saltou do leito em um vigor e voracidade para correr ao encontro do filho.

            O pai, homem reto e exímio, que sempre mortificava suas vontades para garantir a segurança e proteção dos filhos, ao ouvir o barulho de quase duzentos quilos de ferro puro desabar no chão e o pedido de socorro do filho, perdeu a força nas pernas e o coração quase lhe rasgou o peito de tamanha palpitação. São Miguel, proteja meu filho; a única coisa que lhe veio em mente e saiu as pressas a procura dos meninos.

            Um dos meninos, com o rosto pálido e assustado mantinha-se de pé ao lado do portão que estava arriado ao chão. Ao correr os olhos pela cena em busca do outro filho, o pai avista apenas os pés do mais pequenino para fora da chapa estupidamente pesada e, mais uma vez invoca a intercessão do seu anjo de devoção: São Miguel, que meu filho esteja vivo por favor.

            Aproximando-se, a mãe vê o pai erguer o portão com apenas uma mão e resgatar o filho tão amado do peso esmagador. Os pais verificam o filho à procura de fraturas e machucados, por motivo irracional aos olhos humano o pequeno Joaquim estava intacto. A mãe o toma no colo para acalmá-lo e o pai tenta remover o portão do local e não consegue mais erguê-lo precisando de mais dois homens para tal.

            O filho, ainda assustado e chorando, abraça a mãe que, percebendo o milagre da providência Divina pergunta ao filho se ele estava sozinho debaixo do portão.

            __ Não. Um anjo colorido estava comigo! 

 

Fonte: história verídica da família Gonçalves.