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Época vermelha, época de ouro, época de hoje

Ao longo do tempo, percebe-se incrustado na história o sangue dos mártires, sobretudo quando se fala a respeito dos primeiros séculos da Igreja. Ah, época vermelha, época de ouro. Os santos dessa época de fato iluminam a história de nossa Igreja com o seu sangue inteiramente derramado por Nosso Senhor na Cruz, tal como Ele nos propôs em “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (São Lucas 9, 23). Ah, nesta época tivemos Santa Inês, Santa Cecília, Santo Inácio de Antioquia, São Sebastião e tantos outros que, independentemente das tenebrosas circunstâncias, da idade e de tantos outros fatores que tentam o natural instinto de sobrevivência, diziam “præsto sum” com suas vidas e adentraram no Coliseu. Ah…Coliseu. Época vermelha, época de ouro.

Enfim, ao ler as histórias destes grandes Santos, que enfrentavam tudo por Nosso Senhor Jesus Cristo, ao respirar a coragem de cada um deles inspirada pela graça, ao imaginar-se na pele de cada um deles entrando no Coliseu, entendemos a frase de Tertuliano “O sangue dos mártires é a semente dos cristãos” e agradecemos a Deus por nossa história paradoxalmente tão vermelha e tão reluzente.

No entanto, será que acabou? Será que nunca mais passaremos por situações como essas: situações em que nossas escolhas serão pautadas em nossos sinceros “sim” e “não” pela vida da Igreja? Será que só é possível ser santo ou um grande mártir na época do Coliseu?

Imaginem um estudante seriamente católico, que, inclusive, fez a consagração total de si mesmo a Jesus Cristo pelas mãos de Maria Santíssima. Este mesmo estudante precisa adentrar, pelas circunstâncias de seu estado, pela universidade nos dias de hoje. O que será que ele passa? Àqueles que leem, pergunto: já passaram por uma situação como essa? Conhecem alguém que se encontrou ou se encontra em uma situação como esta? Esboço um pouco como acontece: este jovem precisa enfrentar o respeito humano, o escárnio, a chacota, a exclusão por …vestir roupas descentes, estudar seriamente, não ceder às blasfêmias e palavrões, e, a maior “loucura” de todas, por não aprovar o aborto. Até então, parece que, para passar por tudo isso, faz-se necessário começar uma guerra semântica com os outros jovens, mas não: basta que aquele jovem católico entre em sua sala vestido com dignidade, com um ar de seriedade e bondade, com organização e compenetração que aí está a guerra instaurada. Os espíritos que se deparam com essa cena incomodam-se com apenas a presença de uma alma assim.

 Ademais, um professor que ali entra, e desafia sua vida estudantil através de uma baixa condição, coloca à prova a alma do jovem católico: “Quer passar em minha disciplina? Então seja a favor do aborto! ” ou ainda “Saia já de minha sala, pois seu espírito católico não é bem-vindo aqui!”. Ah, época vermelha e… por que não considerada “época de ouro”? A santidade ficou restrita àqueles primeiros (e gloriosos) séculos? Deve-se, pois, esperar que aquele tempo “retorne” para que se busque a santidade? Loucura! A cada “saia de minha sala pelo teu espírito católico” ou “aprove o aborto comigo”, vê-se como que um golpe desferido na alma do jovem que escolheu viver o Evangelho e sua total consagração a Nossa Senhora. No entanto…este golpe é para ele causa de tanta alegria! Alegria? Sim, ele se alegra em saber que, ainda que a proporção física não seja a mesma, os motivos pelos quais ele sofreu foram os mesmos dos primeiros mártires: Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja. Não deixemos para os séculos vindouros a santidade que nos é pedida hoje, jovens. O Coliseu (talvez) não voltará mais, mas ele se manifesta em outras circunstâncias e as universidades hodiernas são exemplos de sua continuação. O martírio não está só no Coliseu, mas em uma sala de “aula” acadêmica. Pelo seu estado e sua circunstância é preciso por este lugar passar? Então, “præsto sum”, tal como Santa Inês, Santa Cecília, Santo Inácio e São Sebastião.  Ah, época vermelha, época de ouro, época de hoje.


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Respostas de 6

  1. O martírio incruento e prolongado pode ser mais atroz que o cruento. Martírio da fidelidade a Jesus Cristo em um mundo venal e infiel! Muito bem pego pelo artigo.

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