Muitas pessoas passam por nossas vidas! Alguns colegas de trabalho, colegas de cursos, comerciantes, alunos, funcionários, vizinhos, enfim, mas amigos de verdade, “Amigo fiel é poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro.” Eclo 6,14.

Na amizade há eleição, há empatia, comunicação, amor mútuo e benevolência. O coração dos amigos está no mesmo lugar. Amam as mesmas coisas e rejeitam as mesmas coisas.

São Francisco de Sales ensina que “Se a relação é de ciências, será honesta e louvável; o será mais ainda se a relação for de virtudes morais, como prudência, justiça e fortaleza. Mas, se for a religião, a devoção, o amor de Deus e o desejo da perfeição, o objeto da comunicação mútua e doce entre ti e as pessoas que amas, ah!, então sua amizade é preciosíssima. É excelente porque vem de Deus; excelente porque Deus é o laço que a une; excelente, enfim, porque durará eternamente em Deus!”

Em situações diversas da vida, mas principalmente nas de sofrimento, quão valioso é ter um amigo que nos convida a visitar o Santíssimo; que nos ensina a rezar o terço; que nos apresenta a Consagração à Nossa Senhora; que nos indica cursos de formação católica; que reza por nós e conosco e que nos escuta com ou sem café!

“Assim, a amizade verdadeira é, em geral, um relacionamento próximo entre duas almas, com o propósito de benefício mútuo. Se os bens mutuamente compartilhados pertencem à ordem natural, a amizade será simplesmente honesta. Todavia, a amizade sobrenatural é de ordem muito superior. É um relacionamento próximo de duas almas que se amam em Deus e por Deus, com o propósito de se ajudarem reciprocamente no aperfeiçoamento da vida divina que possuem. A glória divina é o seu fim último e o progresso na vida espiritual, o imediato, e Jesus é o laço de união entre os dois amigos.” Padre Adolphe Tanquerey

Dessa maneira, a amizade sobrenatural, longe de ser apaixonada, absorvente e exclusiva, como a amizade sensível, distingue-se pela tranquilidade, moderação e confiança mútua, fundamentada no amor de Deus, busca somente o bem espiritual.

Os amigos comungam desejos de perfeição e por isso, não temem mostrar seus respectivos defeitos, pois ajudam-se mutuamente a corrigi-los. Elogia-se o amigo por suas boas qualidades e com caridade corrige seus defeitos e aponta suas fraquezas.  A amizade verdadeira é sustentada pela virtude. Somente homens virtuosos têm amigos.

Os amigos são uma forte defesa para a virtude, confidentes íntimos; conselheiros e consoladores. Renunciam a si e se doam pela salvação da alma do outro.

“Estávamos sempre de acordo aspirando aos mesmos ideais e cultivando cada dia mais estreita e firmemente nossa amizade. (…) Deixamo-nos conduzir pelos mandamentos divinos estimulando-nos mutuamente à prática da virtude. E, se não parecer presunção minha dizê-lo, éramos um para o outro regra e o modelo para discernir o certo e o errado.” São Gregório de Nazianzo por ocasião da morte de seu amigo São Basílio.

Como escolher os amigos? Santo Agostinho nos dá um exemplo: “Eu amo o homem de Deus. Quando eu ouço, quando ouvi falar que existe ali uma pessoa que é virtuosa, que ama a Deus mais do que os outros, eu quero conhecê-la, eu quero estar com essa pessoa, eu quero aprender dela como ela ama a Deus. Eu quero, junto com ela, me entregar e conhecer as coisas de Deus”.

Poderíamos lamentar: Ah! Mas nos nossos tempos está difícil de encontrar pessoas virtuosas em moradas espirituais avançadas! Pois bem, iniciemos a mudança a começar de nós e sejamos a pessoa virtuosa que ama a Deus mais do que os outros e auxiliemos, com caridade outras pessoas a desejarem alcançar o fim último para o qual fomos criados que é Nosso Senhor!