Paz sobre a terra, justiça e caridade!

O ano era 1987, nascia uma menina, cujo cérebro seria inocentemente desgastado pelos pais: crueldade ou injustiça? Talvez desconhecimento?

Essa criança foi criada com horas diárias na presença da ilusória companhia daquela que ocupava o centro da casa: A TV; ignorantemente classificada como a colorida causa de diversão, descanso e convívio da família. À menina foi negado o privilégio da solicitude, do silêncio e do tédio, tão importante para construção de seu imaginário! O instinto de curiosidade pelo mundo admirável e surpreendente presente na pequena inocente, ia diariamente sendo aniquilado pelo grande aparato colorido.

Mesmo que o pequenino cérebro dessa criança tenha sido danificado pelo excesso de dopamina causado pela tela, ela cresceu e agora adulta livrou-se de sua TV e hoje tem um belíssimo altar como centro de seu lar. Problema resolvido, certo? Infelizmente não! A menina por anos, inconscientemente ensinou seu cérebro o poder magnífico da recompensa nas telas. Era necessário uma outra recompensa! Seu cérebro ansiava por isso.

A TV foi rapidamente substituída por centímetros que cabiam entre seus dedos: O CELULAR. A invenção do século chegou em suas mãos, causando os mesmos danos da TV, porém numa escala muito maior, que eram ignorados, pois aparentemente é necessário.

A mulher crescida viciada em telas, sim é duro dizer, mas esta é a realidade, agora tinha uma tela mais próxima de seus olhos, mais colorida e mais rápida. Ao alcance de um toque, com dezenas de mudanças por minuto, um novo liberador de alegria passou a fazer parte de sua vida.

Dizia ela por vezes: “Não faz mal, são poucos minutos por dia, só respondo mensagens, nem tenho rede social, eu escolho muito bem o que vejo, é só para relaxar, preciso de uma válvula de escape, não sou viciada!”. As justificativas são excelentes, mas os efeitos não! Poucos minutos por dia são suficientes para muitos malefícios: aumento de problemas de visão, deficiência de aprendizado, hiperatividade, autismo, ansiedade, procrastinação, depressão, etc.

Como transformar este cérebro tão danificado? Será que ela encontrou uma solução? Com muita disciplina e empenho durante anos, ela reprogramou seu cérebro. As telas foram substituídas pelos LIVROS; as plantas, flores e NATUREZA foram acrescentados em sua rotina diária; e os momentos de TÉDIO foram forçosamente criados. O resultado disso: uma mulher sem ansiedade, que admira o mundo criado por Deus.

O quão fácil é reproduzir esta história com nossos filhos? Para adquirir o vício basta destruir o imaginário deles, mantendo-os numa casa cheia de muitos brinquedos e telas. Assim, ele não verá o mundo ao seu redor: a magia das borboletas saindo do casulo, o trabalho de uma formiga, o pólen de uma flor, um banho de chuva, uma leitura num piquenique, uma brincadeira inventada para passar o tempo e a lista poderia seguir infinitamente. Para alcançarmos o desfecho feliz da nossa história, troquemos as telas (mesmo que sejam somente minutos) por momentos ao ar livre, leituras, ajuda em casa e tédio. Deixemos nossas crianças admirarem o mundo.

Santo Tomás de Aquino disse: “A admiração é o desejo de conhecimento”. Não há desejo de conhecimento pelo que não vemos. Será que estamos protegendo a admiração de nossos filhos ou os cegando para o mundo em frente às telas?


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Respostas de 3

  1. Como é necessário esse tema para momento em que vivemos. Só uma vida interior e a virtude da ordem, colocando Deus no centro de nossas vidas, são capazes de restaurar e transformar essa geração devastada pelas criações da revolução.

  2. Artigo bem sacado.
    Uma descrição didática e agradável de se ler, do processo deliberado de destruição das faculdades que nos tornam semelhantes a Deus: a inteligência e a vontade.

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