Paz sobre a terra, justiça e caridade!

Em uma roça distante, onde as casas dos vizinhos ficavam separadas por longos caminhos de terra, vivia uma mãe com seus inúmeros filhos pequenos. O pai, sustentáculo da família, havia falecido, deixando a casa sem provisões e sem um amparo terreno. A mãe, contudo, não se deixou abater. Era uma mulher de fé inabalável, que confiava plenamente na Virgem Santíssima. Sozinha, no anonimato de sua vida, todas as noites, ajoelhava-se sobre o piso avermelhado de sua casa e pedia a Nossa Senhora que nunca deixasse faltar o essencial para seus filhos.

Mas o tempo foi passando, e o trabalho não aparecia. A seca castigava a terra, rachando o chão da roça de tal forma que os pés descalços das crianças sentiam o áspero relevo das fissuras. O sol escaldante queimava seus cabelinhos claros, e o ar carregava um cheiro forte de terra seca e palha. Não havia fartura, não havia colheita. Eram os escassos viveres de fubá e água que os mantinham. E agora, a Páscoa se aproximava.

Na casa humilde, de paredes simples e chão vermelho que um dia já fora encerado, a mãe continuava firme. Usava seu avental ajaezado de pequenas flores malva, sempre ocupada, sempre em oração. As crianças, mesmo famintas, permaneciam alegres, ajudando no que podiam, correndo pelo quintal e enchendo a casa de riso e esperança. A mãe, porém, sabia que não havia nada para lhes dar de comer no domingo de Páscoa. Mas, mesmo assim, não se desesperou. Na noite do Sábado Santo, colocou seus filhos para dormirem e, com o coração confiante, voltou-se mais uma vez à Virgem Maria, suplicando que não os deixasse sem alimento.

Na manhã seguinte, ao acordar, encontrou uma cena inesperada: em sua cozinha modesta, onde o cheiro de madeira e terra misturavam-se ao frescor da manhã, uma galinha cacarejava ao lado da porta. A princípio, a mãe não pensou em abatê-la, mas apenas em se ajoelhar e agradecer. Foi então que percebeu que, ali mesmo, escondidos atrás da porta, estavam ovos recém-postos.

Cheia de emoção, pegou os ovos e preparou a primeira refeição digna que aquela família teve em dias. As crianças comeram felizes e sem compreender completamente o milagre, pintavam as cascas dos ovos com os guaches que ainda tinham. A mãe decidiu procurar os vizinhos para devolver a galinha e agradecer, no entanto, para sua surpresa, a galinha não pertencia a ninguém da redondeza.

Assim, a ave tornou-se providência contínua, garantindo sustento até que a mãe conseguisse um trabalho.

A Virgem Santíssima não os deixou passar um só dia com fome.

Esta é uma história real. Hoje, já crescida, essa criança é uma adulta que leva uma vida católica, temente a Deus e amante da Virgem Maria.

O maior ensinamento dessa mãe não foi apenas transmitir a catequese aos seus filhos, mas vivê-la plenamente.

Peçamos a Deus que nosso lar seja um ambiente de docilidade e entrega, onde cada um se esforce para doar-se mais que o outro, onde o desespero jamais encontre morada, e onde a CONFIANÇA seja sempre o nosso escudo!


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Respostas de 2

  1. “A seca castigava a terra, rachando o chão da roça”, mas não o coração de uma mãe cheia de confiança na providência divina!
    Que belíssimo artigo!

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