“Nós, cristãos, faltaríamos à missão que nos assina a Providência, neste momento, se não empregáramos todos os nossos esforços para sermos, nesta época que Deus quis fosse a nossa, o fundamento que regenera toda a massa, a luz que ilumina, o sal da terra que conserva e preserva.” ¹
Em tempos onde a educação e família são alvos diretos de inúmeras emboscadas e ataques, os educadores buscam vias seguras de proteção e correspondência ao seu chamado. Uma das vias é a formação, entretanto, se ela não estiver arraigada em fundamentos verdadeiros também sinaliza perigo.
Com frequência pais e professores partilham receios, dúvidas, apresentam dificuldades para lidar com as informações que recebem e se percebem confusos devido ao acúmulo de ideias, orientações, indicações e sugestões oferecidas. Tudo se mostra urgente, necessário e indispensável e ao aplicarem o que escutaram ou leram nem sempre alcançam o êxito esperado.
O mundo é propositalmente agitado, a velocidade dos acontecimentos se infiltra no cotidiano sorrateiramente, a visão pragmática predominante molda as ações e sem a devida vigilância, até mesmo os mais experientes correm risco de ceder aos apelos. Diante disso, é importante retomar alguns princípios.
O que é formação?
Um dos maiores apologistas católicos, Pe. Leonel Franca, definiu em sua obra que formação é o “esforço para adquirir ou comunicar uma forma e no sentido mais profundo e filosófico de perfeição, a atuação de uma potencialidade anterior” ¹. Ora, se requer esforço é porque não é algo espontâneo, mas merece compromisso e dedicação. É um processo vital, uma vida que comunica, transmite vida e requer dedicação a esse propósito.
O mesmo autor também comenta que “a influência educadora do homem se mede pelo seu valor humano, vale não pelo que diz ou pelo que faz, mas pelo que é”, por isso, antes de FAZER qualquer coisa é preciso SER.
Dr. Plínio ao falar sobre esse assunto em 1989 comentou que “a vida interior consiste em continuamente estar fazendo uma análise e relacionando com Deus, com a Igreja Católica, com Nossa Senhora”² Eis um itinerário seguro.
A educação jamais deve ser abandonada ao acaso pelos caprichos, fantasias e disposições do educador, o cultivo da intimidade com Deus pela oração e sacramentos precede outros estudos e é fundamental deixar a Graça moldar a alma, santificar os afetos e ordenar paixões.
Deve-se dizer então que só uma pessoa perfeita é capaz de consagrar-se à educação?
Não, “todos nós, de uma ou outra forma, somos e seremos educadores”, apesar das limitações. Mas a influência benéfica está no testemunho de esforço contínuo pela correção das falhas, no testemunho sincero e humilde em recorrer aos sacramentos, ao conselho de um bom padre e o compromisso com o chamado de Deus a santidade: “sede santos, porque eu sou santo.” (I Pe 1, 16).
Iluminar, fortificar, sanear, hoje e amanhã e sempre, eis a função do Sol no mundo dos corpos, eis o dever da ação católica no mundo das almas. Esse exemplo é que irradia, inspira, educa, atua mais efetivamente do que os manuais e apostilas, pois, “querendo ou não, o educador cria um ambiente que atua, inconscientemente, sobre a alma infantil como se fosse um espelho, permitindo-lhe conhecer-se melhor, por comparação”³.
Peçamos a Virgem Maria Seu auxílio diante das dificuldades nessa missão, a graça da humildade e docilidade em cada momento e pela Sua intercessão e exemplo digamos sempre: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se me mim segundo a tua palavra”.
¹ A formação da personalidade, Leonel Franca, 2019.
² Vida interior: em que consiste?, Plínio Corrêa de Oliveira, 07 de julho de 1989.
³ Pequeno Tratado de Pedagogia, Jean Viollet, 2022