Retomando o tema, muito atual, e que é motivo de preocupação entre os pais, a escolha da educação a oferecer aos filhos. Existem hoje inúmeras abordagens, técnicas e estratégias de formação e ensino para as crianças e jovens que se baseiam em desdobramentos de teorias modernas que se atribuem como científicas. Estas propõem estratégias de técnicas de alfabetização e determinados conteúdos programáticos do ensino com objetivos delineados como a formação técnica para o mercado de trabalho, por exemplo.
Esta preocupação de qual seria a melhor educação a se oferecer aos jovens não é uma preocupação nova, há registros na antiguidade a respeito deste tema que também foi objeto de atenção e estudo pela Igreja Católica desde os seus primórdios pois a formação humana e a catequese sempre estiveram entre as suas principais preocupações e objetivo de seus esforços.
Muitos Santos trataram deste tema de forma profunda e detalhada baseando-se na Revelação Divina, no Magistério da Igreja e estudos permanentes levando em consideração as diversas necessidades humanas, desde as materiais e terrenas até às espirituais e eternas, de forma abrangente e completa.
Todo este desenvolvimento que ultrapassa séculos e milênios, validados e conferidos pela infalibilidade da Santa Igreja Católica deixaria os pais seguros e com um caminho sólido a percorrer, não fosse a situação atual em que todo este conhecimento foi, em muito, rejeitado pelas instituições de ensino e até mesmo pelas próprias famílias, cedendo lugar a teorias modernas que estão a todo momento tentando “reinventar a roda” tentando levar o ensino Católico ao obscurantismo e favorecendo a disseminação de ideologias em seu lugar.
Vale ressaltar aqui a grandiosidade da Carta Encíclica Divini illius magistri do Papa Pio XI: Sobre a Educação Cristã da Juventude, de 31 de dezembro de 1929, como amparo e direcionamento aos pais que desejam oferecer uma educação verdadeira aos seus filhos. Podem assim amparar-se na infalibilidade da Santa Igreja Católica frente aos absurdos caminhos propostos pelas teorias modernas. Esta encíclica é o documento papal mais importante sobre educação cristã, considerado como Magna Charta, em decorrência da propriedade como aborda o tema, permanecendo válida nos dias atuais.
Como motivação para a abordagem deste tema na encíclica o sumo pontífice afirmou que “nunca como nos tempos presentes, se discutiu tanto acerca da educação; por isso se multiplicam os mestres de novas teorias pedagógicas, se excogitam, se propõem e discutem métodos e meios, não só para facilitar, mas também para criar uma nova educação de infalível eficácia que possa preparar as novas gerações para a suspirada felicidade terrena” (Introdução, item a), evidenciando a atualidade do tema que, publicado há quase um século, já prefigurava a realidade desafiadora que se nos apresenta.
Segundo o papa, os homens, destinados a Deus, percebem a insuficiência dos bens terrestres para a verdadeira felicidade. Encontrando-se na abundância do progresso material, sentem o estímulo infundido pelo Criador em sua natureza racional para uma perfeição mais alta, e querem consegui-la principalmente com a educação. Tentam derivá-la da própria natureza humana e atuá-la só com suas forças, e isto consiste no seu erro, pois se concentram e se imobilizam em si mesmos, atendo-se exclusivamente às coisas terrenas e temporais, em vez de se dirigirem para Deus.
Sobre a importância e essência da educação, o sumo pontífice argumentou que não se pode errar na educação assim como na direção para o fim último de todo seu processo. A educação consiste, essencialmente, na formação do homem e como ele deve portar-se nesta vida terrena para alcançar o fim sublime para que foi criado. Não se pode dar verdadeira educação sem que ela esteja ordenada para o seu fim último. E como a Providência nos revelou ser Seu Filho Unigênito “caminho,verdade e vida”, não há educação adequada e perfeita senão a cristã.
A partir destes princípios fica clara a excelência insuperável da obra cristã que busca assegurar o Sumo Bem, Deus, às almas dos educandos e a máxima felicidade possível à sociedade humana. E isto da forma mais eficaz possível ao homem, que é cooperar com Deus para o aperfeiçoamento dos indivíduos e da sociedade.
“a educação imprime nos espíritos a primeira, a mais poderosa e duradoura direção na vida, segundo a sentença muito conhecida do Sábio: «o jovem mesmo ao envelhecer, não se afastará do caminho trilhado na sua juventude». Por isso, com razão, dizia S. João Crisóstomo: «Que há de mais sublime do que governar os espíritos e formar os costumes dos jovens?» (Introdução, item b).
Ainda nas palavras do Papa Pio XI, é preciso ter-se uma ideia clara e exata da educação cristã no que se refere a quem compete a missão de educar, qual o sujeito da educação, quais as circunstâncias necessárias do ambiente e qual é o fim e a forma da educação cristã, segundo a ordem estabelecida por Deus na economia da Sua Providência. Todos estes temas são abordados no documento que aponta a seriedade da responsabilidade que tem toda a sociedade, em seus diversos setores, na educação da juventude.
A Santa Igreja Católica Apostólica Romana fornece todo este ensinamento que é o mais eficaz, completo e seguro para a construção de indivíduos e de toda uma sociedade que seja o mais feliz possível nesta peregrinação terrestre, respeitando a moral e todos os mandamentos de Deus para a honra e glória de Seu Nome, e para nossa salvação. Busquemos honrar, respeitar e obedecer nossa Santa Igreja, esposa de Nosso Senhor, que Ele nos deixou para nos guiar e nos levar para Ele. Na sequência, em próximos artigos, trataremos mais detalhadamente do conteúdo desta Encíclica.