Já falamos um pouco sobre o domínio da linguagem verbal que adquirimos com a maneira que falamos com as crianças através da leitura em voz alta: quando são pequenas mostrando os objetos, chamando as pessoas pelo nome para que ela aprenda a nomear as coisas, para que tenha capacidade de falar sobre o mundo.
É curioso olharmos para os nossos filhos e percebermos que a nossa família supre as deficiências de linguagem. Quando os pequeninos falam de maneira inadequada e corrigimos, quando choram porque não sabem como dizer, o que sentem, o que desejam, o que pensam. É próprio da convivência familiar desfazer essa deficiência quando ajudamos a criança se expressar. Somos os intérpretes das crianças para o mundo e do mundo para a criança.
Na antiguidade clássica, o processo de educação começava com evitar que as crianças tivessem acesso a tudo que era feio, mal e falso. E na exposição ao que era bom, bonito e verdadeiro.
Cumprindo na própria vida o que Salomão nos diz no provérbio quando diz “Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não há de se afastar.” (Provérbios 22,6)
Ora, se desejamos filhos que rezem, devemos rezar; se desejamos filhos leitores, devemos ler; se desejamos filhos firmes e fortes, devemos ser firmes e fortes e se desejamos filhos corretos, devemos ser corretos. Se desejamos filhos que amem a Deus, devemos amá-Lo de todo coração, com toda a nossa alma e com todas as nossas forças.
Com certeza, ao relembrar de sua infância você trará cenas em que algo lhe era negado pelos seus pais, algo que iria lhe fazer mal e exercitando um pouco a imaginação e usando até da realidade na sociedade atual em que é fácil enumerar os exemplos cotidianos de pais que não sabem estabelecer limites para os filhos e que não são modelos de conduta. Quando a direção ensinada é certa, muitos anos poderão passar, mas a mensagem de retidão estará gravada no coração. Porém, o mesmo ocorre quando os ensinamentos são ruins: a má índole sobressairá e a correção do caráter será mais difícil devido os maus hábitos.
A literatura romântica do século XIX enobrece e idealiza as crianças e esquecemos que elas também pecam e estão sujeitas a cometer maldades mas claro que não na mesma medida e malícia de um adulto.
Com o passar dos anos, as crianças amadurecem e é possível forjar o caráter e a personalidade, por isso é importante que desde pequenos recebam orientações do que é certo e errado e que estejam menos propensos a escolher o pecado.
Usar a literatura para a educação das crianças é o que sempre se fez em educação, a pobreza da imaginação é uma pobreza de percepção, o maior objetivo é ter acesso a experiências que estão além de sua possibilidade física imediata, por isso a importância de oferecermos desde cedo, os melhores exemplos aos nossos filhos e alunos.
A literatura pode ser utilizada de forma preventiva ou como antídoto. Muitas vezes não compreendemos e não solucionamos problemas em nossa vida porque prestamos atenção à coisa errada: olhamos para os erros alheios, falhas e injustiças cometidas contra nós e não perscrutamos a raiz das nossas relações, será que são raízes nascidas do amor-próprio e egoísmo, então é tempo de cortar a fonte doente e enxertar no verdadeiro amor, tal amplitude é possível compreender na leitura de Eurípedes e Medeia, enquanto a primeira ama tanto o marido ao ponto de entregar-se à morte por sua salvação, a segunda, por vingança contra ele, mata-lhe os próprios filhos. O autor, embora pagão, conseguiu sintetizar em Alceste a mais excelente virtude cristã depois do amor à Deus: o amor ao próximo a ponto de dar a vida por ele. Há inúmeros exemplos entre os mártires do primeiro século.
Veja, pais que tem preguiça de corrigir os filhos, que são omissos, que aliviam suas culpas enchendo as crianças de mimos e ignorando os seus erros, terão crianças más, sem educação, briguentas, egoístas, fofoqueiras, caprichosas e reclamonas. Será que há na literatura alguma ficção que vá auxiliar estes pais e fazer com que estes filhos se envergonhem e amadureçam? Sim! Vários!! Em Um amor de Criança, da Condessa de Segur, vemos como é prejudicial a convivência com crianças mimadas e todo o processo de amadurecimento da protagonista Gisella, mesmo que a responsabilidade seja dos pais, ela passa por uma catequese que a ajuda a ter misericórdia e gratidão por aqueles que lhe deram a vida e em O jardim secreto, vemos o crescimento de Mary Lennox após a perda dos pais e ao encontrar seu primo, que é mais mimado que ela, vemos como ambos compreendem que o amor de Deus é capaz de transformar pessoas más em boas, assim como Zaqueu, São Pedro, São Paulo…
O que há de tão corajoso em uma menina que cresce mimada por toda a família e entra para um convento? Vamos ensinar as nossas meninas que coragem não é só enfrentar batalhas, aventuras e missões secretas. Ser fiel aos nossos deveres diários, aceitar a vontade de Deus em todas as coisas e suportar o sofrimento com amor também exige coragem e altruísmo. Foi exatamente isso que Santa Teresinha fez, embora ela fosse doce como uma rosa tinha uma força interior de ferro!
Inspirar meninos com uma biografia memorável, especialmente hoje em dia, quando a pureza é uma virtude ignorada e desafiadora, ouvir o Grito de Domingos “Antes morrer que pecar! ” Seus atos heroicos que inflamam os corações de seus amigos e continua a despertar nas pessoas o desejo à Santidade. A Santidade era o objetivo do Pequeno Domingos e é propósito para todos os pais católicos. E lendo a sua vida simples e inspiradora eles entenderão o que realmente significa Santidade.
A leitura é um manual para os pais! Imagine que você tem problemas com os meninos indisciplinados e que existe alguém que dedicou a sua vida ao cuidado e a educação dos meninos de rua. Compartilho o Segredo da disciplina de Dom Bosco, trata-se de uma anedota que ele mesmo escreveu:
Há pouco tempo, um ministro da Rainha da Inglaterra, visitando um Instituto em Turim, foi levado a um grande salão onde estudavam cerca de 500 meninos. Ele ficou surpreso ao ver tantas crianças em perfeito silêncio, sem supervisão. Seu espanto cresceu ainda mais quando soube que talvez em um ano inteiro não era preciso reclamar de uma palavra dita fora do lugar, nem sequer ameaçar com um castigo, muito menos infligir um.
“Diga-me, como é possível obter tal silêncio e tal disciplina? ”, pediu. E acrescentou à sua secretária: “Escreva tudo o que ele disser”.
“Senhor”, respondeu o Diretor do estabelecimento, “os meios que utilizamos não estão à sua disposição”.
“Por que?”
“Porque são segredos conhecidos apenas pelos católicos”.
“O que eles são?”
“Confissão, Comunhão Frequentes e Missa Diária bem ouvida.”
“Você está absolutamente certo. Faltam-nos estes poderosos meios de educação.”
“Se você não faz uso desses meios religiosos, deve recorrer às ameaças e ao bastão”.
“Você está certo! Você está certo! Religião ou vara, quero contar isso em Londres”.
A confissão frequente, a Comunhão frequente, a Missa diária são os pilares que devem sustentar um edifício educativo, do qual se desejaria manter afastadas as ameaças e a violência. Nunca exijam aos jovens que frequentem os Santos Sacramentos, mas apenas encorajem-nos e ofereçam-lhes todas as oportunidades para fazerem bom uso deles.
Soma-se isso a boas histórias de verdadeiros heróis e heroínas teremos ferramentas para cultivar a mente, enobrecer o coração, fortalecer a vontade e nutrir a alma.
Deixo a seguir algumas sugestões de leitura.
Para os pequenos de até 4 anos
O método de escolha é: belas ilustrações e textos bem escritos.
- Bíblia Ilustrada: História Sagrada Escrita por Dom Bosco
- Adivinha o quanto eu te amo? – Sam McBratney
- O Morango Vermelho Maduro – Audrey Wood
- O Anjinho da Guarda – Day Falcon
- Eu e o meu papai! – Alison Ritchie
- Longe de casa – Elizabeth Baguley
- Binho Bravinho – M. Christina Butler
- A casa sonolenta – Audrey Wood
- Logo antes de nascer – Frank Fraser
Acima de 5 anos
Há excelentes profissionais que fazem essa curadoria e com guias de leitura para quem não está familiarizado em utilizar a literatura como ferramenta na educação. Mas nenhuma curadoria substitui os pais, por isso, recomendo que leiam antes e conheçam o livro antes de ofertá-lo ou de ler em voz alta para as crianças.
Depois de ver, não há como desver.
Depois de ler, não há como desler.
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