Paz sobre a terra, justiça e caridade!

Estamos na quaresma, tempo propício para o silêncio, reflexão, autoavaliação e por consequência, tomada de propósitos de melhora. 

Como Jesus nos disse: a impureza procede do coração do homem (Mc 7,21). Logo entendemos a importância da vigilância da própria intimidade, de guardar o próprio coração. E no caso dos pais, guardar muito bem os corações dos filhos e ensiná-los a fazer o mesmo.  

“A ciência da guarda do coração é feita de ordem e de luta, de defesa e de ataque, de renúncia e de sofrimento… Guardar o coração quer dizer conservá-lo para Deus, viver de modo que nosso coração seja o Seu reino, que nele existam todos os amores que se devem encontrar em consequência do nosso estado e da nossa condição, mas que todos estejam harmonicamente fundidos no amor de Deus e para Ele ordenados.¹”

“A guarda do coração significa sempre ordem no amor. A ciência da guarda do coração ensina o cristão a penetrar na profundidade da alma para descobrir os seus movimentos e tendências.¹” 

“Se experimentarmos enfrentar o nosso coração, não tardaremos a descobrir que Deus, a natureza e o demônio são os três eternos protagonistas do combate espiritual que diariamente se trava nele. E comprovaremos perfeitamente como as batalhas de Deus se vencem e se perdem no coração.¹” 

Como é bela essa luta diária que todos nós travamos no coração, ela revela o nosso chamado. Que riqueza é esse caminho de purificação! Precisamos ter consciência disso!

Nesse caminho nos damos conta de nossa imensa fraqueza, do quanto precisamos crescer em virtudes, de que isso exige de nós esforço e perseverança, mas sem a Graça de Deus não chegamos à vitória. Na vivência dessa dinâmica entendemos com facilidade como é bom sermos fracos, pois por meio do reconhecimento de nossas misérias somos elevados a Deus. “Quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2 Cor 12,10). Como é bom dependermos de Deus para tudo, podermos correr para os braços Dele a qualquer momento e por qualquer razão. 

Na certeza do amor de Deus por nós, diante de Jesus flagelado, olhemos para os nossos corações e identifiquemos, por exemplo, que “a causa das nossas perturbações e das nossas inquietações reside na preocupação excessiva pela estima própria ou no desejo inquieto da estima dos outros. A alma humilde abandona a estima própria e o desejo de estima dos outros nas mãos de Deus. E sabe que assim estão seguras.¹” A humildade traz paz e quietude! 

“A humildade, com efeito, é chamada de caminho que conduz à verdade. A humildade é o labor, enquanto a verdade é o prêmio do labor. ” São Bernardo de Claraval

Se conseguirmos, nessa quaresma, subir pelo menos um degrau na humildade certamente consolaremos muito Nosso Senhor Jesus. 

¹ SALVATORE CANALS, Reflexões Espirituais, São Paulo, Editora Quadrante, 1967


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