Paz sobre a terra, justiça e caridade!

A Bíblia diz em Provérbios 3:5-6: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.”


  Em inúmeras passagens bíblicas Deus nos revela que devemos ter confiança em sua palavra e ensinamentos. Mas porque a humanidade hesita em confiar nas palavras de Deus? Muitas almas tem esse temor, pois sentem-se miseráveis e indignos da misericórdia de Nosso Senhor. Mas não devemos temer, pois nós cristãos somos amados por Deus, recebemos muitas provas de sua benevolência e compaixão. Para outras almas, falta a fé. Acreditam nas promessas de Nosso Senhor, mas na prática, em suas vidas diárias e dificuldades, deixam-se levar por falsas crenças.


  Independente da causa, a desconfiança nos afasta da graça, nos priva de recebermos grandes bens. O cristão precisa sempre confiar no Mestre, colocar diante dele todas as aflições e dificuldades, entregando-se por inteiro.


  A provação, a aridez, nos assalta de muitas formas e a murmuração diante dessas situações, nos afasta do consolo de Deus e Nossa Senhora, como se colocássemos uma muralha entre nós e eles. Se tivéssemos confiança da mesma proporção ou maior que nossos desesperos e fraquezas, não sofreríamos mal algum, caminharíamos tranquilos diante do mal.


  Até mesmo os santos sofreram e lutaram pelas mesmas dificuldades, ou até piores, no entanto, confiaram! Foram humildes e se entregaram na bondade e generosidade do Sagrado coração de Jesus e Imaculado coração de Maria.


  São Tomás de Aquino, doutor da Igreja, considera que “A confiança é uma esperança”. Mas não qualquer esperança, uma esperança fortalecida, extraordinária e heróica. A confiança e a fé se entrelaçam e à medida que a fé cresce, a confiança se aprofunda de forma inabalável.


Confiança! Confiança! Eu venci o mundo! Jo 16, 33


  A oração insistente, não somente em períodos de provação, é uma arma poderosíssima para todo batizado. Mas temos que ser pacientes e incansáveis na oração, pois a graça age no tempo de Deus. Não devemos murmurar e encontrarmo-nos abandonados e desprezados se não formos atendidos na hora que pedimos. Nossa confiança aumenta quando permanecemos firmes no propósito. Deus sabendo das nossas fraquezas e misérias, nos deu Maria como Mãe. Eles quis nos dar um meio de experimentarmos a bondade do modo mais eloquente possível em termos humanos, que é o carinho materno.


  Nossa Senhora, desde o início, mostrou ao mundo que podemos contar com seu poderoso auxílio. Como não confiar em Nossa Senhora, aquela que consentiu com toda Sua vontade, que seu filho morresse pela salvação da humanidade? Devemos ter uma esperança convicta de que nossa boa Mãe vai nos dar tudo que é necessário para nossa salvação e ser o caminho seguro que leva até o Salvador.


  Nesse sentido, diz São Bernardo, em um belíssimo sermão: “Quando te assaltarem os ventos das tentações, quando vires aparecer os escolhos da desgraça, olha para a estrela, invoca a Maria. Se és sacudido pelas ondas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria. Se a cólera, a avareza, as seduções carnais vierem sacudir a leve barca de tua alma, levanta os teus olhos, olha para Maria. Se, perturbado pela lembrança atroz de teus crimes, envergonhado pela vista da imundice de tua consciência, aterrorizado pela ameaça do juízo de Deus, começas a submergir no remoinho da tristeza e no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca a Maria…”.


 Eis uma belíssima oração a Nossa Senhora, composta por São Bernardo (Acte d’aveugle abandon et d’amoureuse confiance en la douce Vierge Marie – cfr. “Livre d’Or – Manuel complet de la parfaite dévotion à la très sainte Vierge d’après S. Louis-Marie de Montfort”, 6e. édition, Pères Montfortains, Louvain, 1960, pages 689-692):


“Ó doce Virgem Maria, minha augusta soberana, minha amável Senhora, minha Mãe amorosíssima, ó doce Virgem, eu coloquei em Vós toda minha esperança e eu não serei confundido.
Doce Virgem Maria, eu creio tão firmemente que do alto do Céu Vós velais dia e noite sobre mim e sobre aqueles que esperam em Vós; eu estou tão intimamente convencido de que jamais pode faltar nada quando se espera tudo de Vós, que resolvi viver daqui para o futuro sem nenhuma apreensão, e me descarregar inteiramente sobre Vós em todas as minhas iniqüidades.
Doce Virgem Maria, Vós me estabelecestes na mais inabalável confiança.
Ó, mil vezes obrigado por uma graça tão preciosa. 
Eu ficarei daqui por diante em paz sob vosso Coração tão puro.
Eu não pensarei mais senão em Vos amar, em Vos obedecer, enquanto Vós gerireis, Vós mesma, minha boa Mãe, os meus mais caros interesses.
Ó doce Virgem Maria, que entre os filhos dos homens, uns esperem sua felicidade de sua riqueza, outros a procurem em seus talentos; que outros se apoiem sobre a inocência de sua vida ou sobre o rigor de sua penitência, ou sobre o fervor de suas orações, ou sobre o grande número de suas boas obras.
Por mim, ó Mãe, eu esperarei só em Vós, só em Vós depois de Deus. E todo o fundamento de minha esperança será minha confiança mesmo em vossa bondade materna.
Doce Virgem Maria, os maus poderão me roubar a reputação e o pouco de bem que possuo. As doenças poderão me tirar as forças e a faculdade exterior de Vos servir. Eu poderei mesmo, infelizmente, minha terna Mãe, perder vossas boas graças pelo pecado.
Mas minha amorosa confiança em vossas maternais bondades, esta jamais eu perderei. Eu a conservarei, essa confiança inabalável até o meu último suspiro. Todos os esforços do inferno não ma roubarão.
Eu morrerei repetindo mil vezes vosso nome bendito e fazendo repousar sobre vosso Imaculado Coração toda a minha esperança.
E porque estou eu tão firmemente seguro de esperar sempre em Vós, senão é porque Vós me ensinastes, Vós mesma, ó doce Virgem, que Vós sois toda misericórdia e que não sois senão misericórdia?
Eu estou, portanto, seguro, ó boa e amorosa Mãe, eu estou seguro de que Vos invocarei sempre e estou seguro de que Vós me consolareis.
Eu Vos agradecerei sempre porque Vós sempre me aliviareis. 
Eu Vos servirei sempre porque Vós sempre me ajudareis.
Eu Vos amarei sempre porque Vós sempre me amareis. Eu obterei tudo de Vós porque vosso amor, sempre generoso, irá além de minha esperança.
Sim, é de Vós só, ó doce Virgem que, apesar de minhas faltas, eu espero o único bem que desejo, o meu Jesus, no tempo e na eternidade.
É de Vós só, porque Vós é que meu Divino Salvador escolheu para me dispensar todos os favores, para me conduzir seguramente até Ele.
Sim, é de Vós Mãe, que depois de ter aprendido a participar das humilhações e sofrimentos de vosso Divino Filho, me introduzireis na glória e nas delícias, para O louvar e bendizer, junto a Vós e conVosco, nos séculos dos séculos. Assim seja.
Eis a minha maior confiança e toda a razão da minha esperança. 
Ecce mea maxima fiducia et tota ratio spei mei.”


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