Paz sobre a terra, justiça e caridade!

Por que se consagrar como escravo de Maria?

A condição de cada ser humano antes do Batismo é como a descrita na passagem: “No dia do teu nascimento, teu cordão umbilical não foi cortado; não te banharam com água para te purificar, não te untaram com sal, nem te enfaixaram. Ninguém se inclinou sobre ti para te prestar algum piedoso cuidado. No dia em que nasceste foste exposta em meio das campinas; só havia infortúnio para ti.” Cf. Ez 16,4-5. A condição natural de todo ser humano é como a descrita nestes versículos, pois nascemos em condição de pecado, sujeitos ao peso da concupiscência e da ação dos anjos decaídos, fadados à condenação eterna, fruto do pecado original de Adão e Eva.


Mas tal foi a bondade de Deus, que mesmo sem termos o menor merecimento, veio em nosso socorro para nos resgatar da morte eterna e pagou nossa dívida, o que para nós era impossível, e nos acolheu elevando-nos, pelo Batismo, à condição de filhos adotivos e herdeiros da vida eterna na presença de Deus: “Passei junto de ti e te percebi banhada em teu sangue. Eu te gritei: vive (malgrado o teu sangue), vive (malgrado o teu sangue), e eu te fiz multiplicar como a erva dos prados. Cresceste… Estendi sobre ti o pano do meu manto, cobri tua nudez; depois fiz contigo uma aliança ligando-me a ti pelo juramento – oráculo do Senhor Javé – e tu me pertenceste. Então, eu te mergulhei na água para limpar o sangue de que estavas coberta, e te ungi com óleo. Eu te vesti de tecidos bordados, calcei-te com sapatos de pele de golfinho, cingi-te com um cinto de fino linho e um véu de seda. Ornei-te de adornos: braceletes nos teus pulsos, colares em teu pescoço, um anel para o teu nariz, brincos para tuas orelhas, uma coroa magnífica para tua cabeça. Teus ornatos eram de ouro, prata, com vestimentas de linho fino, de seda e panos bordados; teu alimento era trigo, mel e óleo. Cada vez mais bela, chegaste à dignidade real. A reputação da tua beleza correu entre as nações, pois essa beleza era perfeita, graças ao esplendor que te havia eu preparado – oráculo do Senhor Javé” Cf. Ez 16,6-7a; 8b-14.


E é esta a condição atual de todos os viventes pois é como uma criança que estando abandonada, na miséria e fadada à morte foi encontrada por um senhor muito bondoso e generoso, que a resgatou e a levou para a sua própria casa, cuidou de suas feridas, alimentou-a e cercou-a de todos os cuidados necessários. Quando cresceu foi educada com os ensinamentos mais sábios, recebeu os cuidados mais requintados, com jóias e os melhores ornamentos, e depois de tudo isto ainda foi elevada à condição de filha tendo por direito receber por herança tudo que este senhor tinha. E como filhos adotivos de Deus temos por herança a vida eterna contemplando a Sua Divina Face.


Temos tudo isto ao nosso dispor, mas com uma condição: a condição de querermos ser seus filhos. O Batismo está disponível a qualquer pessoa, mas a pessoa precisa querer ser batizada. E aos batizados, eles precisam querer, precisam escolher viver a sua fé.


Mas pode ocorrer que mesmo após aquela criança ter sido acolhida pelo seu senhor, cuidada, ornada e elevada à condição de filha, desta filha se voltar contra este senhor, traindo-o e comece a esbanjar seus bens de forma desordenada: “Tu, porém, te fiaste na beleza, aproveitaste da tua fama para te prostituíres e ofereceste a tua sensualidade a todo transeunte, a quem te entregaste. Tomaste tuas vestimentas para delas fazeres lugares altos para ti, ornados de panos de variegadas cores, e deste-te à depravação, o que jamais deveria ter sucedido, e que não te sucederá jamais. Tomaste as esplêndidas jóias feitas com o meu ouro e minha prata, jóias que eu te havia doado, e fabricaste com elas imagens humanas, com que te prostituíste, cobriste-as com as tuas próprias vestes bordadas, e ofereceste-lhes o meu óleo e os meus aromas. O pão que eu te havia dado, a flor da farinha, o óleo e o mel com que te nutrias, deste-os em oferenda de agradável odor. Eis o que tens feito – oráculo do Senhor Javé” Cf. Ez 16,15-19.


Mas mesmo estando em condição deplorável, quando esta filha toma consciência do mal que fez, e retorna pedindo perdão ao seu senhor, ele não hesita em acolhê-la novamente: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?”Respondeu ela: “Ninguém, Senhor”. Disse-lhe então Jesus: “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”. Cf. Jo 8,10b-11.


Podemos considerar que ao longo de sua vida esta filha tenha voltado a trair seu senhor entregando-se ao pecado, mas que tenha começado a perceber que toda vez que se afasta do seu senhor ela comete erros inconsequentes, acaba ofendendo aquele que a ama tanto, prejudicando a si mesma e às pessoas que estão ao seu redor e mesmo até pessoas que ela nem conhece, por meio das consequências de seus erros. E que comece a esforçar-se para não mais se afastar de seu senhor para que não volte a cair nos seus erros.


E é esta a nossa história quando por Graça de Deus optamos por viver uma vida virtuosa, sem ofender a Deus, amando-O acima de todas as coisas e ao nosso próximo. E vamos percebendo, por sua Graça, que a sua Sabedoria e o Seu Amor são infinitos e que, portanto, Ele sabe muito melhor do que cada um de nós o que é o melhor para nós mesmos, e quer muito mais bem a nós, do que nós mesmos, e que cada pequeno instante que nos afastamos Dele, por nossos méritos, cometemos apenas erros e ofensas.


Ainda que, querendo obedecer-Lhe e servir-Lhe em tudo, querendo fazer o bem, fazemos o que é mau, e pecamos, nos afastamos Dele. Mas conhecendo nossa fragilidade, Ele nos auxilia a não nos afastarmos Dele.

Para isto Ele nos deu sua Mãe, a Virgem Maria, para por meio Dela nos sustentar com Sua Divina Graça. 

Tendo consciência de nossa fragilidade podemos optar por não mais buscar a nossa vontade, mas a Dele. Podemos livremente confiar-Lhe a nossa liberdade, pela mediação da Virgem Maria, para que Ela nos ajude a administrá-la bem. Podemos confiar todos os nossos bens e todos os nossos méritos a Ela, para que possa utilizá-los como desejar. E desta forma, auxiliados pela Graça de Deus pela mediação de Sua Mãe Santíssima começaremos a seguir um caminho que seja mais agradável ao nosso Senhor, que nos acolheu quando éramos ainda escravos do pecado e destinados à morte.


Este auxílio que podemos ter do Senhor por meio de Maria Santíssima se dá através vínculo da escravidão a Jesus Cristo por mediação da Virgem Maria, proprosto pelo “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Por esta via temos o maternal auxílio da Virgem para bem gerir o dom de nossas vidas, todas as graças com que Deus nos enriquece continuamente e a nossa liberdade, para que façamos um bom uso dela para o seu fim que é amar a Deus e assim deixar de desagradá-Lo e ofendê-Lo. 


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