Uma frase que escuto com frequência no ambiente escolar é: “Não é fácil ser professor nos dias de hoje.” Ao escutar essa frase não há como discordar; realmente, ser professor tem sido uma missão quase impossível diante da realidade tecnológica à qual os alunos estão expostos.
Refletindo um pouco sobre essa frase, podemos perceber que a causa é mais profunda, indo além da influência tecnológica. O professor vem perdendo sua autoridade há décadas, de forma proposital e crescente. Podemos fazer essa constatação ao ler livros que tratam da decadência da educação. Nesse artigo, não tratarei dessas causas, porém deixarei uma sugestão de leitura ao final (1).
Hoje, o professor é visto como um mediador, aquele que auxilia o aluno a construir seu conhecimento, ou ainda como alguém que transmite um conteúdo e, depois, o cobra do aluno por meio de uma prova. Seria esse o papel do professor? Com certeza não.
Vários santos da Igreja Católica escreveram sobre o papel do professor, e todos chegaram a mesma conclusão: o professor é aquele que conduz seu aluno à Verdade. “A educação deveria ser baseada na fé e na busca pela verdade.” (Santo Agostinho)
Então, quer dizer que professor não é aquele que ensina a ler, escrever e fazer contas? Você pode estar se perguntando isso. Minha resposta é: sim, o professor deve ensinar todas essas coisas, mas sem deixar de olhar para Aquele que criou todas as coisas. O olhar do professor deve estar voltado para a alma de cada criança sob seu cuidado, lembrando-se de que cada palavra e cada gesto seu influenciarão diretamente na formação desse ser humano. Sendo assim, o professor deve ser um mestre, ou seja, aquele que ensina com sua vida; suas ações refletem os seus ensinamentos. “Que vossos exemplos instruam vossos alunos muito mais que vossas palavras.” (São João Batista de La Salle)
Um mestre busca constantemente o Perfeitíssimo Mestre, Jesus; procura imitá-Lo em seus ensinamentos e condutas, pois sabe que, só assim, conduzirá com alegria seus alunos, mesmo diante das dificuldades e desafios diários. Mas como imitar Jesus? Afinal, Ele é o próprio Deus encarnado. Veio ao mundo e viveu como homem, entretanto, não tinha pecado. Nós, por outro lado, temos enraizadas as marcas do pecado original, que nos impelem, diariamente, para as más inclinações. Diante dessa constatação, fica claro que, com nossas próprias forças, jamais seremos mestres como o Divino Mestre; necessitamos de auxílio!
“Maria foi verdadeiramente constituída por Deus auxílio dos cristãos,” como nos ensina São João Bosco. Peçamos o auxílio daquela que foi a mestra do Divino Mestre, que é amor e gerou o Amor. Maria tem muito a nos ensinar: sua obediência, sua fidelidade, seu silêncio e sua bondade, nos conduzem a ser mais semelhantes a Jesus.
O mestre deve imitar Maria em sua obediência, seguindo os mandamentos e reconhecendo a Deus como Senhor e Dispensador de toda graça. Reconhecer-se humilde e totalmente dependente de Deus, despertará em seus alunos as virtudes da humildade e da obediência.
A fidelidade e a bondade de Maria, mesmo nos momentos de grande sofrimento, também devem ser almejadas pelo mestre. Nos desafios diários que enfrenta, manter-se fiel aos ensinamentos divinos será de grande auxílio, pois o ajudará transmitir bondade e fortaleza aos seus alunos, mesmo em meio às tempestades.
Maria, a Virgem do silêncio. Quanto nos fala o silêncio de Maria! Quantos ensinamentos, dizendo tão poucas palavras! Nos evangelhos, encontramos poucas falas de Maria; porém, quando fala, é certeira e não fala sobre si, mas sobre Deus. Assim deve ser o mestre: silencioso, falando apenas o necessário, não se calando quando é preciso falar, “Eles já não têm vinho” (Jo, 2.3); muito menos se envolvendo em conversas alheias com alunos, pais ou colegas. Dessa forma, estará ensinando seus alunos a terem prudência ao falar ou não falar, a usar as palavras de modo correto e sem precipitações.
Podemos concluir que, para ser verdadeiramente mestre, é necessário, acima de tudo, ter grande devoção à Virgem Maria, pois “A devoção a Maria nos leva a imitar suas virtudes e amar a Deus com maior intensidade.” (São Luis Grignion de Monfort)
“Faça o que pode, Deus fará o que não podemos fazer. Confie sempre em Jesus Sacramentado e em Nossa Senhora Auxiliadora, e verá o que são milagres.” (São João Bosco)
(1) A idiotização proposital da América – Charlotte Thomson Iserbyt
Respostas de 4
Que belo texto! Muito profundo e palpável. Que Nossa Senhora nos guia como mestre de nossos filhos e outras crianças.
O texto rompe com a visão moderna e revolucionária do educador como mero “transmissor de conteúdo” ou “facilitador do conhecimento”, e resgata a figura do mestre clássico: aquele que forma almas, conduz mentes à Verdade e modela corações com sua vida.
Seu ensinamento vai além do quadro-negro — ele se dá no exemplo, no silêncio, na obediência, na fidelidade e no amor a Cristo, tendo como modelo perfeito a Virgem Maria, a Mestra do próprio Mestre.
“O professor clássico é aquele que, com humildade e fé, forma não apenas mentes, mas almas, conduzindo seus alunos ao encontro com a Verdade que é Cristo, à sombra do manto de Maria.”
Essa frase ressalta que o ensino cristão vai além da técnica e do conteúdo: ele é missão, é vocação, é caminho de santificação — para o aluno e para o mestre. Em tempos em que a autoridade do professor é questionada e sua função desvalorizada, esse texto nos convida a redescobrir o magistério como uma forma de amor e serviço, profundamente enraizado na fé.
“O homem vale na medida em que é alto o ideal em que ele põe seus olhos” – SDP ele nos convida a compreender que a nobreza da vocação docente está justamente em mirar o mais alto Ideal — Cristo — e conduzir seus alunos nessa mesma direção.
Como defendia Dr. Plinio, o verdadeiro formador não se conforma com a decadência, mas combate-a com coragem e fé!
Que texto lindo e verdadeiro. Que Maria Santíssima nos ajude a imitar o próprio mestre, Jesus Cristo.