“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. ” Jo 10,10
Qual o valor da Vida para você?
O senhor Orazio, pai de São Padre Pio, tinha tanta reverência pela vida que no campo chegava a sair do caminho de uma formiga para não esmagá-la. Era um homem conhecido como simples, amável, que rezava o Rosário constantemente e por ver a mão de Deus em todas as coisas ao seu redor alegrava-se com tudo.
É evidente que não vamos sair parando o trânsito por causa de uma formiga mas podemos, a partir desse exemplo, refletir se temos olhado para a criação de Deus, principalmente o Ser Humano, com o olhar adequado. Temos reconhecido a presença de Jesus, A Vida, na sua criação? Ou temos vivido sem ao menos perceber que estamos vivos?
Sim, se estamos vivos é porque O Bom Jesus sustenta seu sopro de vida em nós e Ele pode parar de soprar quando achar que deve fazê-lo. Ele é O Senhor, ou seja, não somos donos da vida, nem do tempo. Precisamos ter a sabedoria e a humildade para reconhecer que não somos capazes de sustentar a vida nem por um segundo a mais se Deus assim não permitir. A clareza disso nos leva a ter mais temor, respeito e reverência pela vida que evidencia para nós O Deus vivo, real e presente em cada um de nós e em toda sua criação com a devida proporção.
Estamos em um tempo tão sombrio, tão gélido, tão egoísta que o óbvio precisa ser dito, repetido, ensinado e até mesmo defendido com muita luta. E aqui está o óbvio: a vida humana tem valor inegociável! Isso não deveria ser algo confuso, mas hoje é, infelizmente. Da mesma forma que se descartam objetos quebrados têm sido descartados bebes. Em alguns países já não se encontram mais crianças portadoras de deficiências como a Síndrome de Down porque são mortas no ventre materno. Os soberbos declaram que elas não merecem nascer. E o mesmo se aplica a tantas outras crianças portadoras de deficiências que são mortas dentro do útero materno ou, quando nascem, são desqualificadas como não merecedoras de suporte para sobreviverem.
Nesse cenário doloroso em que vivemos, em que toda criação geme e sofre (Rm 8,22), encontramos alguns luzeiros. Casais eleitos por Deus para testemunhar que a vida sempre vale a pena e seus filhos merecem viver. São casais que receberam durante a gestação o diagnóstico de que seus filhos possuíam alguma doença grave ou até incompatível com a vida e, portanto, poderiam morrer a qualquer momento da gestação ou logo após o parto. Esses casais, com amor generoso, disseram Sim a vida, Sim aos filhos, Sim a Jesus. Com firmeza foram contra todo egoísmo e toda voz maligna, cheia de sentimentalismo débil, que diz “você não precisa passar por isso, podemos interromper a gestação e poupá-los dessa dor”. São casais nobres que levaram a gestação até o fim, amaram seus filhos o tempo que eles viveram. Tiraram fotos, fizeram festa para comemorar a gestação, escolheram o nome, celebraram cada dia de vida dos seus filhos com muita reverência. Algumas crianças não chegaram a nascer vivas, outras sobreviveram poucos minutos pós-parto outras, poucos dias, poucos meses e outras anos.
Esses casais amaram seus filhos e testemunharam para nós a força e a bravura do Amor de Deus: não existe verdadeiro amor sem dor, sem entrega, sem cruz.
Essas crianças inocentes poderiam ter sido assassinadas por não serem “perfeitas” ou, como dizem, “se sobreviver ficará dependente para tudo” ou “em estado vegetativo”. Resumindo: não serão úteis!
Se Jesus tivesse esse pensamento materialista, calculista, mesquinho, nenhum de nós existiria pois somos muito imperfeitos, defeituosos e dependentes.
Jesus no alto da cruz, inocente, injustiçado, olhou para todos nós defeituosos, cheios de pecado e rezou ao Pai dizendo: “Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Sofreu por nós, morreu e venceu a morte por nós, para que tivéssemos vida e vida em abundância. Jesus lutou por nós!
Quem somos nós para não lutarmos pelo direito à vida? Quem somos nós para decretar que outra pessoa não merece viver? Quem somos nós para decidir o tempo de vida de outra pessoa? A vida e o tempo não nos pertencem!
Dentre tantos casais que, nem sempre, temos a honra de conhecer e acompanhar, temos o lindo testemunho de Chiara Corbella Petrillo que faleceu em 2012, com 28 anos e foi proclamada Serva de Deus pela Igreja. Chiara perdeu sua primeira filha dias após o nascimento, depois perdeu o segundo filho após o parto e na terceira gestação ela ofereceu sua vida para salvar a de seu filho. Vale a pena conhecer sua história!
Peçamos ao Espírito Santo, Chama ardente, Fogo de Deus, O Defensor, que purifique a humanidade, ilumine as pessoas e defenda as crianças.
Uma resposta
Lindas e sábias reflexões dona Regiane!
“Não há amor sem sacrifício”, como a senhora citou. O mundo está com os valores mais básicos e simples invertidos. Há um tempo atrás não se discutia o valor da vida, parecia ser algo natural e óbvio. O ‘modernismo’ acarretou aquilo que o Evangelho de São Lucas diz: …” Quando o Filho do homem vier, achará fé na terra?
Estamos vivendo um tempo difícil e obscuro. Que Deus nos fortaleça!