Paz sobre a terra, justiça e caridade!

O caminho da verdadeira felicidade, passa pela dor!

Sabemos bem o quanto é indispensável um farol confiável para indicar aos navios um porto seguro, nos lugares em que o mar é perigoso, evitando que marinheiros experientes se desencaminhem por caminhos tortuosos, onde o risco de soçobrar é inevitável!


No entanto, no mar tempestuoso do mundo em que vivemos muitos se deixam guiar por seus próprios faróis, que muitas vezes os conduzem precisamente para o mal que imaginam evitar. Antigo é o ditado, e sempre novo: “o demônio não dá o que promete, mas o que ele promete é precisamente o que ele tira”.


Essa figura me veio ao pensamento quando meditava sobre o sentido da frase que serve de título a esse artigo. Com efeito, existe uma mentalidade muito comum, quase um dogma, por onde a busca da felicidade estaria no gozo dos bens desta vida, e o verdadeiro paraíso nas delícias desta terra. Ao contrário da frase em epígrafe, o caminho da verdadeira felicidade consistiria na ausência de todo sofrimento e de toda dor.

Ora essa mentalidade é contrária ao espírito de Jesus Cristo, que nos aconselha no Santo Evangelho: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). O caminho de Jesus Cristo e, portanto, de todo cristão, é o caminho do sofrimento e da dor. Com efeito, é “pela cruz que se chega à luz”, ou seja, à verdadeira e definitiva felicidade, no Céu, com Deus. Os bens efêmeros deste mundo não  preenchem o anseio que temos de uma felicidade duradoura e sem sombras.
 

Entretanto, os defensores da mentalidade do mundo – para justificar sua aversão ao sofrimento – geralmente colocam a seguinte questão: “Se Deus a tudo provê, governa e rege amorosamente, porque permite o pecado, porque Ele permite as desordens, as dores e as penas que afligem a humanidade, especialmente as que afetam as pessoas inocentes?”


Esquecem eles uma questão crucial: Deus não é a causa do mal no mundo. Sem embargo, Ele chegou ao extremo do amor, enviando seu próprio Filho Unigênito, para assumir sobre si a causa do mal no mundo, os pecados dos homens. A fim de repará-los, sofreu todos os males de pena que Sua Justiça infinita assim o exigia, e no auge de sua Misericórdia, abriu as portas da salvação para a humanidade decaída, tirando o bem do mal.


Como ensina São Paulo, “sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, para o bem daqueles que, segundo o seu eterno desígnio, foram chamados santos” (Romanos 08, 28). Portanto, não devemos nos indignar quando vemos justos sofrendo penas neste mundo, que nos parecem injustas. As aflições, dores, problemas e contrariedade elevam o homem do seu apego aos bens passageiros e o purificam para merecer a salvação e a felicidade eterna.


Quanto aos que parecem gozar deleites, tantas vezes não merecidos nesta vida, enquanto padecem e são humilhados os homens justos, não nos iludamos. A verdadeira felicidade, que é interior e consiste na paz de alma e na amizade divina, não a possuem os ímpios. Ao procurar seu gozo nos deleites da vida como seu fim último, desprezam o convite de Nosso Senhor para a verdadeira alegria: “Quando Jesus se aproximou de Jerusalém e viu a cidade, começou a chorar: Se tu também compreendesses hoje o que pode te trazer a paz […]” – Lucas 19, 41/44.


À humanidade redimida cabe o papel da gota de água no cálice de vinho, matérias da transubstanciação. A dor e o sofrimento humano é o humilde e necessário contributo do homem à Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, que assumiu sobre si a reparação dos pecados com os sofrimentos que a nós eram devidos.


A influência dessa mentalidade mundana que leva o homem a procurar uma alegria vazia de significado e a fugir do sofrimento e da dor, está cada vez mais presente nos ambientes, inclusive nos espaços católicos, nas famílias e nas comunidades cristãs e até nos ambientes religiosos, seja no referente à formação dos filhos, à educação nas escolas, aos ambientes profissionais, culturais e de lazer.


Sigamos o exemplo sublime de Jesus Cristo no alto da Cruz, que nos ensinou com seu supremo Sacrifício, que o caminho da verdadeira felicidade, passa pela dor.


A JESUS CRUCIFICADO
Juan M. Garcia T.
A vos corriendo voy, brazos sagrados
Em la cruz sacrosanta descubiertos
Que para recibrime estais abiertos
Y para no castiarme estais clavados
A vos, divino ojos eclipsados,
De tanta sangre y lagrimas cubiertos
Que para perdonarme estais despiertos
Y para no confundirme estais cerrados
A vos, clavados pies par no huirme;
A vos, cabeza baja, por llamarme;
A vos, sangre vertida para ungirme;
A vos, costado abierto quiero unirme;
A vos, clavos preciosos quiero atarme
Com ligadura Dulce, estable, firme


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