Conscientes, ou não, nós, a todo o tempo, comunicamos algo, e essa comunicação, nem sempre se dá de maneira verbal, a isso chamamos de linguagem não verbal. A linguagem não verbal é expressa pelo nosso corpo – postura, comportamento, pela nossa expressão facial, entonação de voz e até mesmo pelo nosso silêncio, o qual também comunica algo. Em uma situação de fala, a comunicação não verbal, expressa pelo falante, pode nos transmitir maior mensagem do que a comunicação verbal, ou seja, do que propriamente está sendo dito oralmente. Sthephen Jaeger, no livro “A inveja dos anjos”, discorre ainda que o corpo é o reflexo da alma.
Pois bem, precisamos entender o conceito descrito acima para educarmos os nossos filhos com consistência, constância e verdade. A cada ordem dada, orientação e correção, devemos intencionalmente estarmos preocupados se, a minha comunicação não verbal está coerente com a minha comunicação verbal e, ainda mais, se a minha comunicação não verbal está reforçando a minha fala, ou se ela está diminuindo o valor dela ao ponto da criança já nem mais se importar com aquilo que eu digo. Explico-me.
Há situações em que as crianças parecem não ouvirem o que os pais dizem. Já não se importam com repreensão, não páram quando pedem para parar, não obedecem logo que é dada a ordem, tornando qualquer passeio exaustivo e o dia – a – dia realmente estressante. Tal comportamento da criança advém, dentre outras possíveis causas, de uma má atitude dos pais que desvalorizaram o seu próprio não, empregando-o de maneira inconsistente diante de uma mesma situação, por repetidas vezes, durante todos os dias da criança.
Por exemplo, um pai/mãe pede para o filho não subir naquela determinada cadeira, hoje ele repreende e a faz descer, no outro dia, está muito cansado e não quer se indispor com a criança, até pede para que ela desça, mas permanecendo a criança na cadeira, não se dispõe a retira-la e ali a criança permanece. Por mais que a linguagem verbal do pai diz: “não”, a linguagem não verbal comunica a criança que ela pode permanecer ali, uma vez que o pai continuou com os seus afazeres, não se importando com a afronta da criança.
Isso além de levar a criança a não obedecer às ordens dos pais, porque ela aprendeu que nem sempre ela precisa obedecer ao não dito pelo pai, essa atitude conduz a criança a agir contra a sua própria consciência, ou seja, ela sabe que não pode subir, mas mesmo assim subiu e não obteve nenhuma correção ou punição, ou seja, transmite à criança a mensagem que não há mal nenhum em agir contra a sua própria consciência.
Veja a importância de cuidarmos não somente do que dizemos às nossas crianças, mas também do que transmitimos a elas por meio das nossas condutas, e não me refiro aqui a sermos bons exemplos para os nossos filhos, mas em termos as melhores tomadas de decisões para a sua formação.
Ainda nesse tema, gostaria de elencar uma última situação a qual devemos nos atentar: a intensidade com que corrigimos os nossos filhos deve ser proporcional ao que está sendo corrigido. Se corrijo o meu filho que me esbofeteou da mesma maneira quando ele deixa cair algo, por exemplo, não transmito para ele a mensagem de que bofetear seu pai é algo gravíssimo, ainda mais se comparado ao erro de derrubar algo. O problema é que nos deixamos agir pelos nossos instintos de ira e a nossa correção advém, não de uma atitude ponderada, pensada, arquitetada para a boa educação dos nossos filhos, como deve ser, mas do mais baixo instinto.
Procuremos, pois, sermos mais virtuosos, estudiosos sobre educação e agirmos de forma pensada, não acomodada ou instintiva. Lancemo-nos nos esforços para bem educarmos os nossos filhos, para que o nosso não seja consistente, constante e verdadeiro, assim como a Sagrada Escritura nos ensina: “Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não” (Mt 5, 37).
Tomemos cuidado para não corrigirmos algo que não teremos condições em manter no momento. Melhor permitir a repreender, mas não conseguir manter até o final. Sejamos perseverantes no nosso não e isso forjará a nossa vontade e a da criança, formando em nós uma vontade forte e decidida.