“Parece-me que começou a me prejudicar muito o que agora vou dizer. Considero algumas vezes o mal que fazem os pais em não procurar que seus filhos vejam sempre, e de todas as maneiras, coisas virtuosas.” Santa Teresa D’Ávila.
Santa Zélia e São Luís Martín seguiram os preciosos conselhos de Santa Teresa de Jesus. A atmosfera familiar que Santa Teresinha encontrou ao nascer, teve forte e decisiva influência em sua vida física, emocional e espiritual.
Teresinha nasceu em terra santa, que são seus pais maravilhosos que Deus lhe deu. “Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do céu do que da terra”. Carta 261 de 26.7.1897. Suas raízes encontraram, no fértil solo de sua família, o terreno firme da fé, do amor, do heroísmo frente as dificuldades que surgem em todas as famílias, das boas regras de educação e convivência, enfim, a seiva que gera e alimenta a vida de bons valores.
A educação religiosa dos filhos era uma preocupação constante do casal. Sabiam do seu dever de agradar a Deus e levar as suas filhas para o céu. Santa Zélia velava com grande cuidado pela alma de seus filhos. O casal frequentava missa diária e se preparavam durante toda a semana para a comunhão dominical.
O casal Martín mantinha-se atento a dimensão afetiva no espaço familiar. Sua preocupação e diversão era sua família. Não fugiam às fadigas e nem perdiam tempo com covardia e fraqueza. Os bons momentos em família se passam, muitas vezes em casa, quando o mau tempo impedia os passeios, surgia a ocasião para a família se reunir numa atmosfera alegre em torno de jogos caseiros.
Zélia gostava que suas filhas estivessem bem apresentadas. Bem vestidas, mas permanecendo dentro da simplicidade.
Os passeios, principalmente aos domingos após o almoço, eram momentos de grande diversão, em que a família largava o cotidiano para ir conhecer os arredores, apreciar os campos e as flores da primavera. As relações sociais dos Martín eram conjuntos de famílias, alguns amigos de infância. Sempre buscando um bom convívio onde havia troca de ideias políticas, jogos e reflexões espirituais.
“Se eu tivesse de aconselhar, diria aos pais para se acautelarem com as pessoas que têm contato com seus filhos nessa idade (infância). É grande o perigo, já que a nossa natureza tende mais para o mal do que para o bem.”
O casal Martín zelava pela alma de suas filhas cuidando dos sentidos e da pureza delas. Cuidaram dos sentidos e da pureza das filhas que Nosso Senhor emprestou a eles.
“Nada há no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos” Aristóteles.
O indivíduo pensa aquilo que passou pelos seus sentidos: visão; audição; tato; olfato e paladar.
Nos dias de hoje, como tem sido esse convívio familiar? Há santas famílias como a de Santa Teresinha? O que tem feito os pais para moldar e devolver filhos santos para Deus?
Cada época tem as suas dificuldades e a realidade do século XXI é a de um ferrenho empenho na destruição das famílias.
A família é a pedra fundamental da sociedade. Bem firme e marcada com o selo divino, asseguram uma solidez inabalável ao edifício da pátria.
Esfrangalhada pelo vento das paixões, corroído pelo “amor livre”, sexo seguro, aborto, casamento meramente civil, pelo divórcio e tantos outros atentados à dignidade da família, a sociedade oferece apenas uma base precária condenada a desfazer-se.
O mundo tem cegado, ensurdecido, embotado o ser humano.
“Certamente haveis de ouvir, e jamais entendereis. Certamente haveis de enxergar e jamais vereis. Porque o coração deste povo se tornou insensível. E eles ouviram de má vontade, e fecharam os olhos, para não acontecer que vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e entendam com o coração, e se convertam, e assim eu os cure” (Mt 13, 14-15)
As famílias que vão na contramão das ideologias e discursos deste século, não têm tantos modelos a seguir. Devem buscar na vida das santas famílias inspirações para, com a ajuda da graça e moldadas pelo Espírito Santo, levar os seus membros para o Reino dos céus. Acostumar-se com o relativismo e novo modelo de sociedade não é uma opção.
Desde o ventre materno até o Divino Tribunal será uma guerra para a salvação das almas confiadas a cada casal.
Os pais devem atentar-se a que?
Atmosfera do lar. Tudo que está no lar está formando, gerando, educando, influenciando os que ali vivem. O que torna o lar luminoso, harmonioso são as pessoas que o habitam. A família tem muita força na formação de um ser humano, nela, o casal pode e deve apresentar à sua prole o Bom, o Belo e Verdadeiro.
Na família, se todos aqueles que a compõem, ainda que de diferentes gênios, suportam-se uns aos outros e estão bem unidos pela caridade, as águas amargas das discórdias evitam-se no “barco doméstico”, e, a todos, conscientes de seus deveres morais e religiosos, como bons cristãos, bons ventos os conduzirão com felicidade ao porto da Glória.
O convívio de pessoas que sabem se amar, amar em Deus e amar a Deus.
Como é o seu lar? Como é a sua casa? Como é a atmosfera da sua família?
Quais são as frases que saem de sua boca constantemente? Quais são as músicas que sua família escuta? A que vocês têm assistido? Como é o silêncio da sua casa?
Os pais devem saber que o Senhor os fez pastores de seus filhos e se querem ser servos bons e fieis, devem não somente livrar estas ovelhas do lobo, mas também, conduzi-las aos bons pastos da instrução, e afastá-las dos maus por meio de suas convenientes admoestações.
“Assim como os passarinhos aprendem a cantar escutando seus pais, assim também as crianças aprendem a ciência das virtudes, o canto sublime do Amor Divino, junto às almas responsáveis por formá-las para a vida.” Obras completas de Santa Teresa de Lisieux – Manuscritos A.