Se perguntarmos hoje nas ruas de nossas cidades “o que é caridade”? Certamente responderiam que “caridosas” são as pessoas bondosas, que amam o próximo e tem bom coração. Essa concepção é resquício de um romantismo do século XIX, onde definiam que as pessoas boas são aquelas de “bom coração”. Mas o que é ter um “bom coração”? Segundo o romantismo, as pessoas de bom coração não corrigem seus filhos para não os traumatizar, não colocam ordem na sala de aula para não sofrerem, ou seja, poupam o seu próprio sofrimento e do próximo. São sensíveis e se emocionam com qualquer situação que causa sofrimento, com uma ótica distorcida da realidade, justificando tudo como vítima de agressão, incompreensão e injustiças. Dentro desse conceito, o amar ao próximo é visto como não querer que o outro sofra, pois se eu o fizer sofrer, eu o odeio.
Para a Igreja católica o mal não está no sofrimento mas sim no pecado e o bem não está em ter saúde, uma vida confortável, um trabalho bem remunerado mas sim em cumprir a vontade de Deus. A Igreja, assim como Nossa Senhora, é mãe e jamais vai querer o sofrimento inútil de um filho. No entanto, se essa dor e se esse sofrimento for para um bem maior, um progresso espiritual, uma transformação de vida, ela o permitirá com bondade e ternura.
Nossa Senhora pediu diversas vezes a luta, a salvação das almas, permitiu guerras, tudo para a maior honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os pais que fraquejam em punir seus filhos quando fazem algo errado, o patrão que não corrige seu funcionário quando ele não cumpre suas obrigações, o superior que não impõe a ordem, não são reflexos de Deus, não estão cumprindo a missão para a qual foram chamados.
O católico deve se compadecer da dor do próximo, não medir esforços para ajudá-lo, oferecer como mortificação todo o sofrimento imposto por Deus, implorando sua misericórdia e graças mas sendo de fato uma pessoa de bom coração, sem deformações.
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(“Para a Igreja católica o mal não está no sofrimento mas sim no pecado e o bem não está em ter saúde, uma vida confortável, um trabalho bem remunerado mas sim em cumprir a vontade de Deus”.) Que linda parte! Seu texto pede uma segunda e terceira leitura… Até mesmo nós, que sabemos o valor do sofrimento, que basta olhar para A Cruz para entendermos o valor de amar e sofrer por amor, podemos ser confundidos em algum momento da vida. Sim, até nós católicos! Por isso é importante meditar na Via Sacra, na Paixão de Nosso Senhor, no amor de Deus e na Misericórdia constantemente em nossos dias. Somente uma vida desejosa de ser vivida com Deus, poderá compreender o valor do sofrimento, e ainda assim só compreenderemos a integridade desta verdade na eternidade, quando Nosso Senhor nos permitir ver de outra forma cada sofrimento vivido por nós aqui na terra. Muitos de nós crescemos ouvindo sobre o sofrimento ser um castigo, ou que tem algo de errado, algum pecado… Mas a Santa Igreja e os Santos podem nos ensinar melhor sobre os tipos de sofrimentos da vida humana e a importância de viver bem as realidades que cada um de nós vivência no dia a dia.
Parabéns pelo texto. Reli e buscarei refletir sobre no decorrer dos dias.
Salve Maria!
Assim como Paulo disse em Hebreus “O Senhor corrige quem o ama”, devemos, como cristãos, corrigir a todos que amamos, pois a lapidação, mesmo que árdua e dolorosa seja no início ou no processo, o seu resultado será grandioso e luminosos aos olhos de Deus.
Sejamos como um professor que constantemente e incansavelmente, lapida os conhecimentos de seus alunos.
Salve Maria!