Paz sobre a terra, justiça e caridade!

Um dia desses, uma paciente dividiu que havia escrito um artigo contando sua experiência e permitindo que a compartilhasse. Ela foi diagnosticada, quando adulta, como autista. Não há deficiências mentais ou intelectuais neste diagnóstico, mas sim sintomas relacionados à interação social; resistência em sair da rotina; hiperfoco em determinados assuntos e instrumentos; incômodo com barulhos e lugares agitados e restrições alimentares.

Por muito tempo não foi compreendida pela família sendo vista como criança mimada. Exigir dela determinadas ações por longo tempo foi um grande sofrimento sem finalidade.

“Eu sou autista. Por longos anos eu não consegui entender de verdade o sentido da minha vida. Olhava para mim e enxergava somente a minha dor. Até que em um dado momento eu me descobri amada por Deus e isso mudou muitas coisas. Sempre tive dificuldades que são próprias do Autismo. E eu as considerava muito grande, muito maior do que eu e achava que não tinha como superá-las, e as via como um monstro medonho e que a única coisa que me restava era sobreviver a elas. E achava ainda que minhas dificuldades eram a única coisa que existia em mim. Eu pensava que tinha problemas sérios e sem solução e só isso. “

Padre Antônio Vieira nos recorda que os olhos servem para duas coisas, para ver e para chorar. Quando choramos, não vemos, pois estamos voltados para os nossos sentimentos.

Na terapia tomista se propõe tarefas diárias, mudança de hábitos, busca das virtudes, melhorando o homem para alcançar o verdadeiro bem. Manias e dificuldades podem ser superadas trabalhando as potências da alma, contando com o auxílio da graça e se possível com a missa diária.

Deus nos conhece minuciosamente, conhece as nossas dores; nossas dificuldades (às vezes fisiológicas); nossas heranças familiares, nossos traumas, nossas fragilidades, enfim nos conhece mais do que nós mesmos e tendo o sonho de nos salvar fará tudo, respeitando nossa liberdade, para que alcancemos o céu, nos dando para isso a graça individualizada e necessária.

“E no meu processo terapêutico eu descobri no autismo uma grande oportunidade de amar… e essa descoberta tem me ajudado a tentar superar minhas dificuldades. Entendi algo que me foi muito valioso… Deus me quis autista para que eu amasse a Ele e as pessoas ao meu redor de um jeito diferente, que uma pessoa que não é autista não poderia fazê-lo.”

Nós, ao contrário dos animais podemos acolher a dor ou rejeitar o prazer tendo sempre em vista o bem sobrenatural. Isso exige uma renúncia de si. A inteligência iluminada pela fé gera frutos de amor para com Deus, para o próximo e para si.

“Eu trabalho como vendedora e eu sempre achava que não estava na profissão certa porque tinha muita dificuldade de lidar com as pessoas, não olho muito nos olhos, não gosto de conversar às vezes, não gosto de ser tocada… então, certamente vendas não poderia ser o meu lugar. Mas, há alguns dias, fiz uma venda especial que jamais me esquecerei… atendi um senhor que não conseguia calçar um sapato sozinho… eu não queria ajudá-lo porque teria que tocá-lo. Mas ele precisava, ele era importante e era tudo o que tinha naquele momento e então eu precisava amá-lo. Ele era muitíssimas vezes mais importante que minha dificuldade, então fiz o que precisava ser feito e o calcei. E isso foi muito especial para mim. Foi uma dificuldade superada. Entendi então, a frase de São João Paulo II ‘O Amor me explicou tudo’. E encontrei o sentido da minha vida.”

A fé ilumina a inteligência, cura a vontade e faz-nos buscar agradar ao Único e Necessário bem que é Deus.


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Uma resposta

  1. “Ele era muitíssimas vezes mais importante que minha dificuldade.”

    Que lindo o resultado da graça, da inteligência iluminada e da vontade direcionada para além de si.

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